2.12.07

Sim, sim, sim!

Sim à vida, ao final de semana, à Darjeeling e ao delicioso jantar em companhia perfeita.
Sim à conhecer de madrugada o apê novo do queridão do peito.
Sim ao sábado cansativérrimo, à reunião na Gotas, à firma de Oxalá, ao cochilo na vovó.
Sim à beleza da noite de sábado, à lua linda que estava no céu, ao show absolutamente inesquecível, ao trânsito da Augusta e à balada na Vila.
Sim ao domingo de sol e de sono, de suco e de casa da vó.
Um sim gigantesco a essa coisa linda que é viver intensamente os finais de semana!

28.11.07

É sábado!!

Bom Senso - Tim Maia

Já virei calçada maltratada
E na virada quase nada
Me restou a curtição
Já rodei o mundo quase mudo
No entanto num segundo
Este livro veio à mão
Já senti saudade
Já fiz muita coisa errada
Já pedi ajuda
Já dormi na rua
Mas lendo atingi o bom senso
A imunização racional

De novo lá no espaço bom demais de estar - Auditório Ibirapuera.

27.11.07

Meu melhor leitor

Meu melhor leitor é meu melhor amigo.

Ele não sabe o que é fechar relacionamentos e vive seguindo mesmo assim - ah, sim, eu queria ter umas aulas com ele.

Está la na Austrália, há todos os oceanos e alguns mil kilômetros de distância, liga me dá susto me realiza e me deixa feliz pelo resto do dia.

Disse que entra no computador, abre o hotmail, o yahoo, o orkut, o facebook, e em seguida o Très Fantastique. Sim, ele me lê todos os dias.

Saudades dele... imensas e intensas. Não é justo não ter nem seu colo nem seus puxões de orelha nem nossos entardeceres bêbados no boteco da esquina (ok, essa última parte foi ficção, porque estou ficando forte só agora).

Digo sinceramente que te amo profundamente.

Vida Ordinária

Desce a rua Augusta, vai sentido centro, shorts curtos e olhos borrados de tanta maquiagem. Uma long neck na mão - com vodka. Pura.

Vai, cambaleante. Vai, caminhante.

Não para de descer a Augusta. Agora, faz parte da fauna como membro integrante e assumido. Se sente assim, junto de todo mundo, uma igual a eles.

Fuma cigarro atrás do outro, gosta do ardor da nicotina quando encontra o pulmão já tão cheio dela.

As buzinas são chatas, mas é o som da rua que chega em seus ouvidos.

Os caras são chatos, mas afinal, quem não gosta de ser chamada de GOSTOSA com a boca cheia? Ninguém está à altura dela - e ela sabe bem disso.

Vai, vulgar, devassa, só segue sem olhar para trás.

Pára na Roosevelt. Conversa com gente igual ela.

Segue, cada vez mais, pro centro. República, mendigos e putas. Lixo no meio da rua. Poesia concreta paulistana. Deselegância discreta, mas não tem mais menina.

Loucas noites têm reinado, com cada vez melhores companhias.

Descabela, só porque acha que é legal.

Agora é cachaça que ela quer.

Borra mais um pouco os olhos. De cambaleante, cai e rala a perna, levanta e continua a andar.

Bem que essa poderia ser eu daqui há alguns anos. De vida ordinária cheia de Locas Noches, logo logo chego à vida bandida que atualmente tanto almejo.

Enquanto isso, meu deleite é a vida bandida e deliciosamente romântica do Xico Sá. É frase dele: "Só a lascívia embeleza uma fêmea". Cá estarei eu, prova viva disso, quando realmente tiver minha vida bandida, quando eu conseguir ser deliciosamente romântica sem que isso signifique o fundo do poço.

Por enquanto, errada estou e errada fico. Me estrago mais um pouco a cada final de semana. Nunca pensei que viver assim fosse tão delicioso.

Errada estou e errada fico. Fim feliz é isso.

Sugestão: http://carapuceiro.zip.net/

ps.: vem do horizonte uma nuvem cinza que cresce e se aproxima. Mais um final de semana que será FORTE. Isso porque por enquanto hoje só é terça.

Aiai, vida ordinária.

26.11.07

Do the right thing

No meu mais novo foco "carreira", olha só o artigo publicado pelo Valor hoje e que se encaixou bastante para mim:

http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/eueinvestimento/167/Mudar+de+emprego+da+o+maior+trabalho+prepare-se,072611,,167,4652731.html

Recomendo para todos os que quiserem programar uma guinada na carreira, mesmo que isso não envolva mudançan na área de atuação, e sim simplesmente mudança de empresa.

"Muitas vezes tirar o fio da tomada por algum tempo pode ajudar. Desligar-se temporariamente para reorganizar a vida em geral, inclusive a carreira, é uma excelente ferramenta de apoio para tomada de decisão. Pode começar pequeno, com um dia de folga, depois com uma emenda de feriado, mais tarde com férias merecidas esticadas e por que não, um período sabático mais longo."

É bom começar a 2a feira assim.

25.11.07

Coisa de aspira e coisa divertida

É coisa de aspira:

- comer pouco antes da balada e ter a ilusão de que vai aguentar beber muito
- ir de salto alto se esbaldar e achar que vai dançar muito
- fazer a prospecção pré-balada errada e achar que vai conseguir o que quer
- beber um pint de Erdinger na pré-balada e parar de beber logo em seguida
- ir toda chicosa para festa de amigos desencanados

É coisa divertida:

- anos 80 na balada
- festa feliz com amigos felizes
- kit sobrevivência de balada com Engov
- ficar descalça e fazer cerimônia dos lavapés ao chegar em casa
- baladar usando shorts
- ver todo mundo bêbado dando risada da vida
- suar até molhar a blusa - e perceber que está todo mundo assim

Sim, sábado à noite foi muito bom.

22.11.07

Done

Noites de insônia. Dúvidas. Barulhos. Lágrimas. Brigas.

Calmante... e dorme.

No fundo, lá, no canto, depois do medo, da angústia, e da insegurança, está a certeza. A certeza de que o caminho rumo ao desconhecido é o melhor a fazer.

A certeza de que navegarei sem bússola, e me guiando pelas estrelas, e que elas vão me dizer onde está meu norte. A certeza de que as estrelas só aparecem à noite, e é à noite que sonhamos, então em última instância ao abrir mão da segurança da bússola estou, na verdade, optando por buscar um sonho. E não é para soar piegas, não. É para soar pé no chão. É para soar racional e consciente e consistente. E sim, o navio vai pegar turbulências, tempestades, tsunamis. Mas à noite as estrelas sempre estarão por lá.

Hoje acordei com aquela sensação gostosa de quentinho no peito. Falei com um especial, falei com outro especial, falei com uma especial também, e falei com o chefe. Depois falei para todos, que receberam a notícia como grande surpresa. E com grande sorriso. Palavras de apoio e abraços gostosos foram o que mais recebi hoje. Todo mundo com a mesma certeza: de que eu tomei a decisão certa. Os que ficam me falaram "corajosa" como uma bela admiração. Todos sabem que busco agora o caminho que é meu.

Vou inventar meu futuro e já volto. Vou ser feliz e já volto.

Não acho, definitivamente, que será fácil. Mas... a man's gotta do what a man's gotta do.

Pode ser que tenham lágrimas no último dia... afinal, quase três anos lá todos os dias.

Mas ainda falta um mês de aviso prévio para isso.

21.11.07

Ode à São Paulo

Só São Paulo mesmo para permitir que certas coisas aconteçam...

- só em São Paulo tenho livrarias como a Cultura do Conjunto Nacional, onde posso mergulhar em livros e me afogar no Visa Electron sem medo de ser feliz.

- só em São Paulo posso descer a Padre João Manuel em um 15/nov que mais parecia inverno, com frio e garoa fininha, em um final de tarde deveras melancólico, ouvindo jazz, e me sentindo em Londres. Ou em qualquer outro lugar que parecia não ser o Brasil. Desci eu e o capuz e a sacola com cinco livros, flanando, tomando cuidado para não escorregar na calçada, passando pelos cafés cheios e ouvindo o ruído de muitas vozes lá dentro, no quentinho. E eu lá fora, no frio. Senti a solidão e a melancolia na prática e na pele. E nunca foi tão bom ser uma paulistana solitária, no meio de tanta gente.

- só em São Paulo saio caminhando pela rua depois da IBM, chego ao Paraíso, encontro a Princess, vou a um cinema preferido (Reserva Cultural), vejo um filme dos bons (El Pasado), saio de lá aliviada ao perceber que eu não sou tão louca quanto a protagonista do filme, e que meu fim de relacionamento tem sido mais saudável e menos melodramático do que o fim de relacionamento visto no filme, volto para casa tendo ótimas conversas com ela que é minha irmãzinha, descubro que abriu um Starbucks lá, logo entre a Campinas e a Santos, e depois vamos jantar no japonês, comendo em excesso. Fora o mico de parar mal o carro em uma vaga na frente do restaurante, logo onde tinha mil mocinhos interessantes que poderiam virar nossos paqueras e no entanto viraram nosso deboche (a manobrista era eu).

- só em São Paulo saio de cidade nublada, em duas horas estou com os pés na areia e debaixo do sol, e em mais duas horas estou na cidade nublada de novo.

- só em São Paulo como hamburguer dos mais deliciosos no St Louis, sigo para a Roosevelt onde encontro boa amiga com uma boa cerveja, e encontro gente de todo o tipo, nerds, cools, cults, putas, artistas, escritores, gente do teatro, gente da rua, gente da vida. E daí ficamos lá dando boas risadas, até que resolvamos ir dar boas risadas em outro canto. E por um caminho mágico pela madrugada do centro de São Paulo chegamos ao Teatro Mars rapidinho. O carioca chega depois com mais tantas outras meninas, leves como fadas, sorridentes como crianças, e simpáticas como se fossem minhas velhas amigas. Daí a luz acaba e o baterista continua sozinho, porque mesmo sem luz a festa não pode acabar. Até que nós cansamos e resolvemos voltar e dormir... e qual não é a Lei de Murphy que, assim que pedimos os carros pro manobrista, eis que a luz volta. Ah, esse Teatro Mars, baladinha legal, músicos dos bons, buraco preto com cara de festa, andares e andares de andaime, cara de cidade decadente, e lá dentro pessoas tão jovens e animadas enxem a casa de luz.

- Simbora para a energia frenética do Mercadão. Domingo, duas da tarde, solão lá fora, multidão lá dentro. Multidão de tudo, de comidas, de pessoas, de barulhos, de coisas legais para bater fotos... multidão de vida. Só em São Paulo paguei de turista fashion e fui feliz.

- Outro feriado... dessa vez, só em São Paulo vi o museu que eu não conhecia. Fui no parque que eu só tinha ido no show dos Mutantes, e me diverti pacas andando pelos jardins, tirando fotos lindas, aproveitando bem aquela luz amarela, azul e verde do dia ensolarado, do céu, do prédio do museu, do jardim.

- Depois, só em São Paulo de novo, almocei com amiga do coração e amigos do coração que são quase meus amigos, e experimentei rabada, algo de novo nesse estômago.

Sim, tive papos cabeça, tive pensamentos perdidos, tive muitas insônia, tive brigas comigo mesma e com o mundo esses dias. Mas sim também, foi maravilhoso passar o feriado em São Paulo.

E afinal das contas, será que a gente seria feliz se viver fosse fácil?

Será que eu ficaria tão feliz no Parque da Independência se na noite anterior eu não tivesse passado mal de insônia e tomado calmente para poder dormir? Será que eu teria aproveitando tanto meu pé na areia sábado se na sexta eu tivesse assistido um filme que não trabalhasse com a dicotomia angustia/alivio de fim de relacionamento?

Obrigada, São Paulo, por me abrigar e por ser a minha cidade.
Só aqui para ter um feriado desses...

16.11.07

Suedehead - Morrissey

De sábado para domingo, 27/10 para 28/10/2007, na fila para sair da balada que figura entre as maiores aventuras da minha aventura, Morrissey canta Suedehead. Nós cantamos juntos, dançando na fila, entre os amigos dele. Sem olhar um na cara do outro.

De sábado para domingo, 10/11 para 11/11, na rua do centrão de SP, entre bêbados, mendigos, putas e lixos, estamos a caminho do carro. Ele começa a cantar Suedehead. Eu me empolgo e canto muito alto. Ele fala: "E não é que ela é uma Morrissey mesmo?" Nos abraçamos e ficamos cantando, no meio da rua. Um abraço forte que eu não sentia há tanto e tanto e tanto tempo... A sensação que eu tive é que durou uma eternidade. Só lá, o abraço, a saudade, a falta, a ausência, e sem beijo na boca, por respeito e consideração.
Eu choro, mas acho que a bebedeira dele não permitiu que ele percebesse meu choro. Ainda bem.
Momento lindo, bem com cara de final de balada, final de noite, final de relacionamento, final de filme.

Lagriminhas.

A letra? Para quem quiser...

Suedehead - Morrissey
Why do you come here?
And why do you hang around?
I'm so sorry I'm so sorry
Why do you come here
When you know it makes things hard for me?
When you know, oh
Why do you come?
Why do you telephone?
And why send me silly notes?
I'm so sorry I'm so sorry
Why do you come here
When you know it makes things hard for me?
When you know, oh
Why do you come?
You had to sneak into my room'just' to read my diary
It was just to see, just to see
All the things you knew I'd written about you
And so many illustrations
I'm so very sickened
Oh, I am so sickened now
It was a good lay, good lay
It was a good lay, good lay...

5.11.07

Grey Day

Acho que é porque:

- dias muito coloridos assustam a rotina, fazem com que ela fique assustadoramente cinza;
- poucas horas de sono me matam, e ontem de novo vivi o caos aéreo na pele;
- domingo no Rio e 2a em SP é um choque cultural deverash injuishto;
- hoje está chovendo e está frio;
- não aguento mais essa rotininha;
- a mediocridade me causa calafrios, e conviver com ela diariamente me é uma tortura do pior tipo...

... que resolvi me camuflar de algo que combine com asfalto, com chuva fininha e com um "não me encontrem" gritado bem alto.

Resultado?

Jeans, blusinha azul clarinho indo pro cinza, e blusa de capuz cinza claro. Sem criatividade, sem cor, sem eu, sem nada. Só assim.

Cenas do próximo capítulo:
- divagações sobre o caos aéreo
- minh'alma canta, vejo o Rio de Janeiro...

31.10.07

Essa vida surreal que me acomete

Bom, há uma semana eu escrevi diretamente da véspera do meu aniversário. Dessa vez, vou falar do jeito surreal que começou meu 25o ano de vida.

Sem falar especificamente do aniversário, mas falando ao mesmo tempo...

- fiquei de ponta cabeça na aula de yoga e dessa vez foi muito bom
- dei meu cabelo para a cabeleleira e disse: faça o que você quiser
- Londres veio em minha direção, com frio e chuva
- inventei que semana que vem começaremos desde já as happy hours de Natal. A idéia foi aceita unanimemente.
- tive um dia e tanto de metamorfose
- a metamorfose resultou em inúmeras capas da Vogue
- recebi um telefonema bêbado às 04 da manhã
- saí de casa às 04 e meia da manhã pra ir pra balada
- dancei e dancei e dancei e foi demais de bom e me diverti em excesso com quem eu sinto muitas saudades
- todos estavam fantasiados de Haloween e eu ficava vagando entre aquelas pessoas estranhas fantasiadas...
- o álcool tem sido um companheiro muito presente em tudo ultimamente
- inovei e usei frente unica - ainda por cima, dourada
- fiz discurso publico e improvisado em dia de ressaca
- achei passagem aérea pro Rio a R$ 100,00 e dái comprei
- tô me achando a "sensação" nova capa da Vogue - os cariocas que se cuidem!
- ao mesmo tempo, não queria por nada estar solteira, aiai...
- amanhã, venho trabalhar de mala e cuia e tenho happy hour diretamente no BG

Tá bom ou quer mais?

24.10.07

Cronologia e Véspera

Sempre gostei de fazer aniversário, historicamente, na minha vida.
De criança, passava o ano esperando chegar o dia do aniversário.
Ficava o ano inteiro combinando com a minha mãe qual seria a decoração da mesa do bolo - mesa que ela mesma decorava e montava e era linda e perfeita. Teve alguns aniversários no clube, com direito a monitores e crianças correndo muito por todos os cantos. Outros aniversários foram comemorados na escola. Sempre sempre sempre teve bolinho para a família, todos os anos, sem exceção.

Teve o de 12 anos, meu primeiro bailinho, no salão de festas do meu prédio, com sanduíches de metro e um DJ com todo o aparato de DJs, que era tão na moda naquela época dar festa com DJ.

Depois teve o de 13 anos, que fomos pro boliche e depois comer no Fridays, eu, a Ana Banana, a Dani e a Carol.

O de 14 anos foi um jantar lá em casa, só de meninas - e éramos umas 20 - comendo strogonoff em um sábado que eu saí desesperada para comprar um vestido novo para usar no meu jantar. Aquele vestido, laranja, de crepe, só foi usado uma vez na vida. Hoje em dia quando eu olho, eu penso: como eu pude usar isso??

Quando fiz 15 anos, foi uma crise só. Eu estava no auge da minha aborrecência, quando eu usava - para desespero da minha mãe e da minha avó - calça big e coturno. Não quis festa de debutante comment il fault, mais uma decepção para a minha mãe, e acabei fazendo mais um bailinho no salão de festas do meu prédio. Quase tive meu primeiro beijo na boca nessa festa, com um amigo do meu primo que era lindo maravilhoso e tinha os olhos verdes. Mas não foi dessa vez que meu primo, o ciumento, baixou a guarda... A questão da bebida alcoólica era um tabu - pode, não pode, o que pode, quanto pode, e me lembro que meus pais ficaram deveras tensos com isso. No final da festa, lá pelas 4 da manhã, ficamos subindo e descendo de elevador e causando, e tudo aquilo pareceu muito divertido àquela época. No domingo, pais corajosos e fortes, fizemos a reunião da família. Tudo um dia seguido do outro. Loucura.

Nos meus 16 anos nem salão de festas quis, e chamei todo mundo lá pro apê mesmo. E foram MUITAS pessoas, aquela coisa de primeiro colegial, todo mundo é amigo de todo mundo... A bizarrice mor desse aniversário foi que o pessoal do Gracinha tinha combinado entre si, sem me avisar, de que seria festa do pijama... e foi a coisa mais divertida do mundo!! Meus amigos que não eram do Gracinha pegaram pijamas emprestados lá em casa, e foi demais.

Os 17 anos foram um almoço em um belo domingo ensolarado, lá no apê, e para mim naquele aniversário as estrelas principais eram os amigos da Inglaterra, que vieram em peso - o que fez com que eu mal desse atenção pros amigos do Gracinha, pros primos, e etc. Mas foi delicioso do mesmo jeito.

Meus 18 anos, em anozinho traumático, foram demais. Estava saindo do Gracinha, tinha largado o cursinho, minha mãe estava com câncer, fazendo mil cirurgias e mil tratamentos... daí eu ia na pré-estréia de um filme com o Alec Baldwin com a Laís, só que a gente tinha que se arrumar na casa dela antes, e depois passar na minha casa para a minha mãe aprovar o look. Quando entramos na minha casa, qual não foi minha gigantesca surpresa: todo mundo estava lá!!! E eram tantos os amigos... eram muitos e muitos e muitos!!! Minha mãe, sabendo que eu estava tristoinha naquele ano, arranjou forças sei lá de onde, para organizar uma festona surpresa pra mim. Foi demais. Minha única festa surpresa até agora, mas demais meeeeesmo!!

Os 19 anos foram uma loucura. Primeiro ano de PUC, vivi na pele bem aquele amadorismo de bichete. Passei nos intervalos distribuindo papeizinhos com os dizeres: "Festa da Mari Chammas, dia tal, hora tal, endereço de casa, bebida de graça". Era de uma quarta pra uma quinta. Minha casa encheu de gente de um tanto que tinha fila pro banheiro, fila pro elevador... isso tudo e meu pai tentando dormir pra ir trabalhar no dia seguinte, meu irmão tendo que ir pra escola no dia seguinte, e minha mãe notívaga master acordadona conversando com todo mundo. Daí teve gente que se trancou no meu quarto e meu pai foi bater na porta... e quando acabava a bebida eu acordava meu pai pra ele ir comprar mais se não as pessoas iam embora... e miiiiiiiiiiiiiiiiil pessoas que eu nunca vi na vida... e todo mundo falando, bebendo, sentado no chão, arrastando os móveis... Lá pelas 5 da matina, quando meu pai se negou a ir comprar mais 4 caixas de cerveja e duas garrafas de vodka, a festa começou a minguar... No mesmo ano ainda celebrei na 5a, com um bolinho para a família, na 6a fui jantar com amigos do colegial, e no sábado fui na baladinha com os sobreviventes da maratona de aniversários.

Os 20 anos foram no 2o ano de PUC. Um ano difícil, eu estava com uma mega depressão. Teve churrasco do Pedrinho no dia do meu aniversário, o que foi bem gostoso, e saindo de lá passei em casa prum banho e barzinho - foi no Dalí. Dancei "Dancing Queen" com a Lu, paguei mico pra todos os meus amigos e pro bar inteiro, passei a noite inteira delirando que alguma hora por alguma coincidência celestial o Bruno Claudio aparecia por lá. Não apareceu, e eu voltei triste tristonha para casa.

Os 21, jantar árabe no salão de festas, bexigas e amigos e foi muito bom mesmo!!

22 anos e último ano de PUC... comemorei em um domingo após um final de semana muito pauleira: aniver do Rodri na 6a, Camaleão Fest no Estância no sábado, e meu aniversário no domingo. Estava só o pó no meu aniversário, em um barzinho, com a presença de mil queridos do coração. Mas estava tanto o pó, que na 2a indo trabalhar bati meu carro de um jeito muito muito muito feio. Enfim, cousas da vida...

23 anos e primeiro ano sem PUC: jantar árabe no salão de festas de novo, e a vida estava mudando tanto e de um jeito tão rápido... minha amiga das mais lindas do mundo me ligou diretamente de Kathmandu, Nepal. O mocinho que eu estava a fim na época apareceu - com outra mocinha!! Todo mundo com flores por todos os lados - as meninas, com flores no cabelo. Os meninos, com flores na lapela. E vejo flores em você!! A festa foi uma delícia... mesmo com a micro esparrelinha. O dia do aniversário em si foi demais de legal, todo mundo me ligou, e eu - que tinha tido um inferno astral dos piores - me surpreendi com a delícia que é fazer aniversário!

24 anos em um dos melhores anos da minha vida. Não tive inferno astral porque resolvi riscar esse conceito do meu calendário. Meu "Mr. Big" à época me ligou da Argentina para fazer meu aniversário feliz bem no fim da noite, quando eu não achava mais que ele ia me ligar. Teve baladinha da Pucci, festa da IBM, e foi ridiculamente divertido. E teve aniversário do LG no dia seguinte - e eu, só no pique de continuar a celebrar. Na sexta, meu aniversário no Geni - e meudeusdocéu, como eu fiquei bebinha nesse aniversário! Sábado e feijuca na minha avó - emendando ressaca com caipirinha. À noite, ainda levemente alcoolizada, fui descontrolar nas compras e movimentar a economia. E no dia seguinte, ufatch, aniversário com a família e bolinho e dia de segundo turno de eleições e mil discussões políticas acaloradíssimas.

Esse ano só tem como o meu aniversário ser bom. Não existe outra possibilidade. Mas isso depois eu conto. Só sei que esse friozinho na barriga em véspera de aniversário é realmente muito gostoso!!

23.10.07

Ele é perfeito

- Brasileiro
- 27 anos
- Solteiro
- Bem sucedido
- Mora em NYC a trabalho
- Trabalha em um grande banco
- No duplex em Tribecca, na sala, uma TV de plasma de 72 polegadas
- Bom partido
- Fofo
- Engraçado
- Bebe (do verbo beber)
- É romântico

A partir da lista de características acima, me disseram que ele é perfeito.
Bem, eu não chego a conclusão nenhuma com essas características. Ele pode mesmo ser perfeito, assim como pode ser mais um dos tantos merdas que vagam pelo mundo.

Resumo: precisa ser algo medíocre uma pessoa que chega à conclusão de que um cara é perfeito com base na lista acima de "qualidades".

Desafio: defina "perfeição".

Crise existencial: alguém de fato busca a perfeição e o cara perfeito? Alguém em sã consciência tem a "perfeição" como objetivo final de uma vida feliz?

Música: we're never gonna survive unless we get a little crazy.

Ou: o oposto da perfeição conforme retratada acima.

Amarga, eu? Hoje, talvez.

18.10.07

I look at all the lonely people

Where do they all come from? Where do they all belong?

E você? De onde você vem, para onde você vai, a o que você pertence?

Eleanor Rigby é a rainha das músicas de solidão. Minha ídola, teve seu recolhimento cantado pelos Beatles e isso deve ser motivo de orgulho.

Ela pega o arroz da porta de igrejas após um casamento... ela vive em um sonho.

Quantos de nós não temos um pouco de Eleanor Rigby dentro e no fundo?

Eu sei se onde vim, sei onde estou, não sei para onde vou, e não sei se pertenço a algum lugar. Sei que não pertenço a ninguém que não seja eu mesma.

E sei que aqui dentro do casulinho está gostoso e quentinho, embora às vezes ele fique escuro, umido e frio.

Quero meu próprio colo. Quero mexer minhas mãos na dança de ventre e admirar cada movimento leve, bonito, delicado. Quero comer o chocolate crocante de coração que ganhei da amiga do peito. Quero descobrir que tenho 53 pares de sapato.

Quero ter um ataque de riso bêbado caída nos paralelepípedos irregulares de Paraty.

16.10.07

Alopatia

Sintoma: febre alta e dor nas costas.
Medicamentos: Novalgina e Dorflex.

Sintoma: dor no estômago resultante da Novalgina e do Dorflex; excesso de sonolência.
Medicamentos: algum remédio para melhorar dor de estômago e algum remédio à base de cafeína para dar uma acordada básica.

Sintoma: o remédio para dor de estômago fez com que a unha do dedo do pé caísse, e o remédio de cafeína causou insônia por três dias e três noites seguidas.
Medicamentos: remédio à base de cálcio, para segurar a unha do dedo do pé; maracujina para passar a insônia.

Sintoma: o remédio à base de cálcio para evitar que a unha do dedo do pé caísse causou avermelhamento e irritação em todas as juntas; a maracujina causou princípio de depressão.
Medicamentos: remédio à base de mercúrio e petróleo, que amorteceu as juntas avermelhadas; Prozac.

Sintoma: queda de cabelo causada pelo forte amortecimento das juntas; aceleração mental causada pelo Prozac.
Medicamento: peruca e prótese cerebral.

Exageros à parte, a moral da história é: uma vez que você entra no mundo high on drugs da alopatia, dele você nunca mais sai.
Cada medicamento sempre terá efeitos colaterais e para esses efeitos colaterais sempre haverá medicamentos que os curem mas que causem outros efeitos colaterais e assim por diante... até que o paciente enloqueça.

Estou à beira da loucura.

Mais sobre o me(sm/d)o

Nada. Só que ele tá aí rondando.
Sei lá eu medo de quê.
Medo desse mau humor que me acomete quando estou doentinha.
Medo dessa carência e desse vazio e dessa tristezinha latente que ronda por aí.
Medo dessa falta, mesmo que temporária, de colo de mãe.

Me empresta sua mãe?

Precisa ser quietinha e me entender e me deixar chorar em silêncio e não ficar mais desesperada do que eu já fico quando as coisas ameaçam ser meio cambaleantes... Também precisa, como seu cafuné, me convencer mesmo que sem argumentos que as coisas vão dar certo. Precisa me reconhecer de longe mesmo que de olhos fechados e precisa reconhecer minha voz mesmo que com fones de ouvido e música alta. Precisa saber, de acordo com o movimento das minhas pestanas, o que eu quero.

Precisa ser minha mãe...

15.10.07

Ainda sobre Pepeu Gomes

Virou nossa música do feriado.

Para quem conhece a música, é muito fácil ficar com ela na cabeça. E como ela ainda estava na cabeça no feriado, lá em Paraty toda parada silenciosa vinha a música incidental na cabeça de alguém e começávamos: ser um homem feminino não exclui o meu lado masculino... se Deus é menina e menino, sou masculino e feminino!

Muito engraçado.

Daí hoje quem estava nos EUA voltou dos EUA e ele sim, aqui no time, conhecia essa música, e daí eu fui um pouco menos zuada por quem trabalha comigo. Ah, e essa música devidamente entrou como música incidental na cabeça dele... e vai fazer quase uma semana que ela não sai da minha cabeça!!

Tô procurando outra música incidental.
Sugestões são aceitas.

A formiga, a cigarra, o vinho, a chuva, a mochila, os deuses, a farra, o céu, a guitarra e o medo

"Você não vai voltar pra essa vida maluca das pessoas do mundo, das formigas tentando se esconder da chuva.
Moça, eu sei que não é legal ficar sozinha quando o velho medo vem e essa noite (...) é tão fria. Me passe a garrafa de vinho?
Sim, eu posso ver, os tempos têm sido maus com você.
Mas os deuses, eles sabem que valeu a pena segurar essa barra.
Moça, o céu é seu amigo enquanto durar essa farra... e você depois é mesmo o tipo de cigarra que canta na chuva.
Dance, mochileira, que eu toco a guitarra."

Almir Sater, Mochileira.

E definitivamente não é legal ficar sozinha recebendo a visita do velho medo em uma noite fria...

11.10.07

Hoje eu volto pra lá

Hoje eu volto para lá, para aquela cidade que me traz todas as lembranças mais maravilhosas, para aquele cantinho do mundo onde conheci o Michael Stype em um momento mágico e engraçado, para aquele gostinho bom de saudades de quando eu viajava com os meus pais passar férias maravilhosas...

Saudosismo, definitivamente. E dessa vez será totalmente diferente de todas as outras... mas fica aquela doce melancolia, o gostinho bom de um passado feliz - que na verdade é minha base do presente e do futuro.

10.10.07

Quando Bethânia e Tim conversaram comigo

Batata.
Sempre acontece comigo, a toda hora.
É só estar com algum tema na cabeça, insistente, martelando, presente, que o rádio me manda ondas. Ele SEMPRE manda essas ondas... é impressionante.

Outro dia de manhã foi "Meu Guri", a "música do primeiro beijo", e o cara do carro do lado perguntando onde fica a Diogo de Faria. Urgh.
Essas coisas são bacanas e bonitas, mas podem me deixar bastante irritada também. Afinal, ora bolas, é a questão que está naturalmente presente e daí ainda mais presente pelas tais ondas do rádio...

Ontem antes de dormir, no meio do meu ritualzinho gostoso, foi Bethânia e Tim me falando coisas que mexem.

Insônia, né? Não, muito pior: sonhos, a noite inteira.

Bethânia, enquanto eu fazia massagens nos pés:
A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não
Você verá que a emoção começa agora
Agora é brincar de viver
E não esquecer, ninguém é o centro do universo
Que assim é maior o prazer
(Brincar de Viver)

E daí vem aquela memória viva... na mesma semana em algum lugar no remoto passado de março de 2007 ouvimos a música duas vezes, cantamos a música duas vezes, e ele ainda virou e falou: "acho que é um sinal para sorrirmos juntos cada vez que o mundo diz não". Memória afetiva é uma merda. A gente se lembra de cada coisa que sabe-se lá de onde vem... só sei que ela está lá, bombando a todos os instantes.

Respira fundo, supera a Bethânia. Vem a notícia de que amanhã o dia será ensolarado em São Paulo, e eu torcendo para que seja um dia lindo e quente mesmo, porque estava a fim de usar saia e queria dia gostoso, com cara de dia de usar saia. Mais algum comercialzinho besta do show da Marisa Monte no Via Funchal nos dias 20, 21 e 22 de outubro, e aí volta a programação musical.

Tim Maia, enquanto eu fazia os alongamentos nas costas para deitar bem:
(...)
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar...
Você marcou na minha vida
(...)
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate...
E eu!
Gostava tanto de você
Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
Não quero ver prá não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você...
(Gostava tanto de você)

Bom, tudo bem, essa é uma música padrão de dores de amor globalmente a todos os que conhecem essa letra e a todos os que conhecem uma bela duma dor de amor. Mesmo assim, sem ter nada específico, nada de memória afetiva, fica martelando na cabeça os sonhos do passado, a vontade de mudar (fugir) de cidade (São Paulo) para acabar com as memórias em cada esquina, e o medo do futuro e da solidão.

Vamos lá Tim e Bethânia, sejam mais bonzinhos comigo da próxima vez, e me ajudem a ter um sono bom... Tô bem cansada dessas pauladas na cara.

9.10.07

Dancing with myself

Sou tão ruim nessa coisa de Facebbok ainda que ao invés de chamar o Antonio para dançar, dancei comigo mesma - não só por uma, mas por DUAS vezes! E o Antonio ficou lá, sozinho e sem dança! Sou toda errada mesmo...

and I'm danding with myself, dancing with myself, dancing with myself...

Nunca confie em alguém que canta Pepeu Gomes

Essa minha incursão ao mundo da mitologia grega vista sob uma ótica junguiana para entender melhor o masculino e o feminino e como tudo isso se dá na construção do caráter de uma pessoa e em consequência como essa pessoa se relaciona na vida e contrói seus laços e suas relações não tem me feito muito bem.

A "música incidental" que está hoje o dia inteiro na minha cabeça é:

Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...
Olhei tudo que aprendi
E um belo dia eu vi...
Que ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...
E vem de lá!
O meu sentimento de ser
E vem de lá!
O meu sentimento de ser
Meu coração!
Mensageiro vem me dizer
Meu coração!
Mensageiro vem me dizer...

(Pepeu Gomes - Masculino e Feminino)

Não tô passando bem das idéias, não.

Fiquei cantando essa música aqui nesse ambiente de trabalho e me perguntaram: "Mari, cadê aquela Mari mais normalzinha que algum dia a gente conheceu?"

É, casulinho... você me entende?

Hermanos: colonizados e colonizadores

Quando estivemos em Buenos Aires no fim do ano passado, meu pai tinha odiado os argentinos. Bem aquela coisa brazuca que fala portuñol e fica irritado com os garçons porteños (que podem ser deveras mal humorados de vez em quando) ou com os taxistas porteños (que podem ser deveras golpistas de vez em quando).

Pois bem. Agora eles estão na Espanha.

No telefonema: "Nina, estive repensando meus conceitos." "Ah é, pai? Quais?" "Depois de vir à Espanha, percebi que os argentinos são uns amores".

Ri sozinha.

8.10.07

Ah, como eu gosto...

- do kibe da minha avó que não comia há tanto tempo.
- do meu irmão tão presente e tão ausente e tão, tão, tão, tão irmão.
- de sentir que estou parando de fumar.
- de entender melhor que não tem como fugirmos das mudanças: elas simplesmente estão lá a cada dia, tão fácil quanto o fato de nunca haver um dia igual ao outro.
- de mergulhar nessa coisa estranha que eu não sei dizer o que é e nem para onde vai. Só sei que essa coisa estranha anda.
- de telefonemas inesperados nas horas erradas.
- da casa vazia e silenciosa.
- de saber que essa semana tem feriado e que estou me dirigindo ao paraíso (ou como a Lu define: nossas micro férias no paraíso!). O caixa-dois para a escuna já era, mas nada que mais um pouco no cheque especial não sustente.
- de gostar da yoga cada vez mais a cada dia que passa.
- de criar rituaizinhos gostosos pré hora do sono.
- de dirigir na estrada.
- da companhia das pessoas que me fazem bem.
- de ir vivendo e tentar sair dessa capengação toda aos poucos, mesmo com as bipolaridades e a montanha russa na última velocidade.

Ixi, como eu não gosto:
desse apertinho que persiste, dorzinha aguda que pisa barulhenta, do vazio no peito, das saudades insanamente intensas que só pioram a cada dia.

O final de semana em tópicos

DIVERSÃO
6a
Happy hour inacreditável e cantante, caminhada com irmãzinha colocando assuntos em dia e quebrando paradigmas de medo, chegar em casa e provar roupas novas e ficar feliz de fazer um "what to wear" caseiro. Ir dormir três da matina acabada de cansaço, com aquela sensação de missão cumprida.

MEDO
Sábado
Me perder em ruelinhas de favelas no subúrbio do Embu. Ficar dando voltas, passar sempre pelos mesmos lugares, andar em um labirinto sem fim, não conseguir achar a saída. Muita angústia.

FORÇA
Sábado
Conversar com a vó. Ver incorporação de Oxum. Nem sei mais o que dizer disso... muito forte.

CALORZINHO NO CORAÇÃO
Sábado
Jogar dominó e levar elas para um café na Cristallo da pracinha. Com tão pouco, conseguir fazer a felicidade de quem se ama. Isso é gratificante ao extremo.

DERROTA
Sábado
Ser mulher na balada. Ficar no canto, sentada, simplesmente not belonging àquela selva de desesperados. As amigas se mataram de dançar. Eu preferi o cigarro e o João caminhante, me intoxicar disso. As mulheres, como é triste e feio ver essa derrota. Todas desesperadas. Umas mais vulgares do que as outras, todas fáceis, disputando, aquele excesso de hormônios no ambiente... Praticamente leoas no cio na savana africana, disputando a escolha do leão, esperando o acasalamento. Presa fácil, mulherada. Sair dessa vida ninguém quer, né? Muita dó de vocês... preferi a companhia do João caminhante. Mas nunca tive tamanha sensação de derrota de ser mulher como tive sábado. Triste.

TUDO DE BOM
Domingo
Ensolarado, dia de se sentir bem em roupinhas veranis e sandalinhas rasteiras, colocar óculos escuros, e sair a pé pelo Itaim para almoço com amigos.

TENSÃO
Domingo
Tropa de Elite é FODA. Vá em um dia BOM para conseguir sair do cinema mais ou menos... mas o filme é esquema filmaço... Wagner Moura rules.

SOLIDARIEDADE
Domingo
Meu tricolor é muito bom de entender as reais necessidades dos corintianos e perceber que 3 pontos a menos não são relevantes no caminho do campeonato, já que estava a 1327 pontos a frente do Cruzeiro.

FELIZ-SAUDADE
Domingo
A amiga do peito voltou de viagem e ligou e está tãããããooooo bem que deu até pra chegar pelo telefone. Vontade de abraçar forte!

OH YEAH!
Domingo
Para me afogar ainda mais no pó, aula de salsa no Bourbon. Divertidíssimo... saia rodada pra lá e pra cá. Tropeça e... cai! Dá risada do mico próprio, sozinha, sentada no meio da pista de dança.

SONO
Segunda
Ixi. Tem mesmo que existir hoje? Tô à fim de voltar não...

23.9.07

Eu tive um sonho ruim...

...e acordei chorando.

Será que você ainda pensa em mim?

E aí está, domingo, lá fora ensolarado, aqui dentro, nublado de lágrimas.

E fim.

Festa com muita bebida e muita gente.

Os dois, estranhos no ninho, mas ele mais do que ela - as amigas DELA estavam organizando a festa.

Só tinham se falado na entrada, mas o clima estava tenso, e onde ela estava ele não estava. E vice-versa.

Ao longo da semana, parecia que as negociações para retomar o contato estavam sendo bem-sucedidas.

Música alta.

Ele pede dois cigarros. Ela pergunta para quem é o segundo cigarro, já imaginando que era para a menina que estava dando em cima dele. Ele fala que é para a menina do Sul, muito gente fina por sinal.

Sem razão nenhuma de ser, ela solta: "estou absolutamente entregue aos prazeres carnais esses dias". Ele fica abismado, não entende. Ela tem que explicar: "só como, bebo e fumo ultimamente". Ele pergunta: "por que você está me falando isso?? Foi VOCÊ quem terminou o namoro!"

E aí começa a discussão, sem pé nem cabeça, que dá voltas, que só revive o passado, que não pensa em soluções pro futuro, que tem mágoas para demonstrar o amor. Ela é chamada de idiotinha, estupidinha por ele. Ele é violento como forma de expressar a falta que ela faz. Ela só quer demonstrar o amor como forma de expressar a falta que ele faz. Os dois conversam o tempo todo agarrados um ao outro, em uma íntima proximidade, demonstrando a mais profunda saudade, com medo que isso resulte no beijo na boca que não se conhece há tanto tempo.

Os dois sozinhos estão, cada um a seu modo, derrotados. E ao mesmo tempo, tentando levantar.

A conversa não acaba, mas ela se cansa, vira as costas, vai embora - cambaleante. Tanto álcool que ela mal conseguia ficar de pé.

No dia seguinte, ressaca física e emocional se misturam e se alimentam em uma fossa braba. Se ela achava que conhecia o fundo do poço, agora tem certeza que o poço pode ser sempre mais fundo.

Quem disse que final feliz existe?

E fim.

21.9.07

Three wise men

Gotta ask yourself the question: where are you now?
Look who's alone now, it's no me, it's no me...

Bom, ok. Essa música tem estado bastante na minha cabeça ultimamente... and I wonder why!!

Gosto bastante daquela guitarrinha introdutória... e aquela coisa de melancolia feliz. Enfim, muito bom.

20.9.07

Declaração de amor

Esse post tem quatro títulos possíveis. O que está acima e:
2 - Tratado sobre a dúvida
3- Ai que saudades
4- Quando dormir vira uma atividade pertubadora


I can't live with or without you.
Essa frase nunca fez tanto sentido na minha vida... não saber viver com ou sem uma pessoa.

Os olhos mentem dia e noite a dor da gente.
Porque a dor hoje é intensa, assim como era há uma semana, ou há quinze dias, ou mesmo há um mês, quando ainda estávamos juntos.

O fim é belo e incerto - depende de como você vê.
Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você.
E se o fim é incerto, o amor pode ser belo. E pensar nele a toda hora do meu dia, em todos os momentos, os minutos, em todas as ações, em cada respiração, pensar nele sempre sempre sempre, e sentir a ausência mais presente do mundo, isso é dolorido.

Eu nunca achei que eu pudesse realmente me apaixonar por uma pessoa a ponto de achar que os momentos ao lado dela seriam mágicos. A ponto de chorar ao lembrar dos ataques de riso que tínhamos juntos, ou dos micos que pagamos, ou das aventuras, ou até mesmo das brigas, dos diálogos bonitinhos, da química, dos telefonemas antes de ir dormir... muita gente fala que namoro de sete meses é um namoro curto. Para mim, sete meses foram o suficiente para eu perceber quanto o amo. AINDA o amo.

Mas fica ruim quando amar alguém significa uma angustia sem fim, significa o desenvolvimento de mil instrumentos de defesa, significa não poder mergulhar no relacionamento porque isso seria sinônimo de sofrer.

Meu amigo racional me disse: o namoro é uma matemática. O quanto cada um investe no relacionamento deve ser sempre diretamente proporcional à expectativa do outro. O mesmo amigo, ironia do destino ou não, disse que odiava Brasilia até se mudar para lá, quando ele passou a amar a cidade.

Ontem ouvi no rádio a música que eu queria que ele ouvisse: Tão Bem, do Lulu Santos.
E ela me faz tão bem, ela me faz tão bem... que eu também quero fazer isso por ela.

É isso aí. Enquanto isso, estou triste. Queria que ele me conquistasse, queria que ele mostrasse que ele também quer que nós fiquemos juntos, e que ele vai se esforçar para que nós fiquemos juntos. Queria tentar de novo, de outra forma, em um relacionamento de duas pessoas felizes - e não de uma pessoa feliz e outra triste. Queria tentar de novo, em um relacionamento em que os dois vão jardinar juntos.

Talvez tudo isso seja pedir muito para ele, já que são tantas as coisas que acontecem na vida dele agora, que ele não dá conta de tudo. Isso eu entendo. Mas eu também entendo que então... então cairemos no bom e velho clichê da "pessoa certa na hora errada". Porque afinal, um relacionamento não sobrevive só de amor.

Aí a gente cai, vai pro fundo do poço, descobre que o poço sempre pode ser mais fundo, descobre que as lágrimas nunca secam, e descobre que não se pode controlar os sonhos - e aí dormir vira uma atividade um tanto quanto perturbadora.

Mas tudo segue. E o que eu mais ouço ultimamente é: só o tempo mesmo...

Ok. Mais um post diarinho para esse blog, que não nasceu para ser diarinho.

12.8.07

Yamandú Costa e Dominguinhos, Auditório Ibirapuera, 11/08/2007




Um brinde à vida.

Um brinde à música de boa qualidade, ao Rio Grande do Sul que nos deu Yamandú e ao Pernambuco que nos deu Dominguinhos.

Um brinde à cultura brasileira, à sonoridade do violão lindo e detalhadamente dedilhado junto com o arcodeon intensamente venerado.

Um brinde ao chapéu do Dominguinhos e às alpargatas do Yamandu. O chapéu e as alpargatas se mexem no ritmo na música, como se balançassem também.

Um brinde à brincadeira de Yamandu e à ingenuidade de Dominguinhos. Os dois, tão simpáticos.

Um brinde ao Auditório Ibirapuera, que eu ainda não conhecia. Tão lindo e imponente e moderno e vermelho com branco, palco grande, platéia grande, público simpático, tão Niemeyer.

Um brinde à garoa fria, à pizza, ao chorinho com pinga no bar depois, e ao café da manhã que há tempos eu não tomava. Sim, um brinde à vida noturna que se tem em São Paulo, e só aqui. Um brinde especial a essa vida noturna que não se resume à balada do modo mais tradicional que se pensa, com porres e filas e muita grana. Um brinde à vida noturna com lirismo, poesia, boas conversas, leveza, música gostosa, dança gostosa, na qual ficamos algo ébrios.

Para terminar, um brinde aos meus companheiros nessa noite de sábado que se fez tão feliz.


10.8.07

Don't let me down, everybody hurts

Ontem eu fiz algo que eu nunca quis fazer na vida, e que sempre fiz tudo para evitar. E quando eu digo tudo, eu digo tudo mesmo: empurrar montanha, assosprar o vento pro outro lado, limpar nuvem do céu.

Eu decepcionei uma amiga, uma amigona minha.

Ela já disse para a terapeuta dela que em mim ela confia, que ela pode ter todas as expectativas por mim porque sabe que eu estarei sempre lá, que se ela grita eu apareço, se ela liga eu chego. Que por mim ela bota a mão no fogo.

A recíproca é verdadeira, e ela tem dado muito mais do que recebido nesses ultimos tempos difíceis. Daí chegou a hora de ela receber e eu dar, chegou essa hora ontem por orkut e por combinação por telefone, meio na urgência dessas coisas que não têm nunca hora para chegar.

Tinha um café marcado no Havanna com um amigo que está na Holanda, nessa temporada de rever os amigos gringos todos que estão em SP por algum tempo. Por motivos alheios à minha vontade e muito intimamente ligados ao quase regime de quase escravidão no qual me insiro atrasei pro café. E aí, por motivos alheios ao meu controle e muito intimamente ligados àquela bela e mágica química de conversa atrasei para encontrá-la. Mas liguei avisando que iria me atrasar.

E liguei na hora que fiquei livre, uma hora depois do previsto.
Liguei na hora que fiquei livre.
Liguei na hora.
Liguei. Liguei. Liguei. Liguei.
E simplesmente... nada!
Ontem à noitinha, depois ontem à noitão, depois minha insônia de consciência pesada, e hoje assim que acordei... e nada!

Recebi um email com sinal de vida - pelo menos que ela não sumiu de vez eu sei. Mas ainda não sei quando irei encontrá-la. E me sinto a pior pessoa do mundo... a pior pessoa do mundo... o verme mais repugnante, o estrume mais fedido, por saber que tem alguém aí querendo meu colo e que eu não dei esse colo.

E agora? Minhas mais sinceras, profundas e tristes desculpas.
Ainda com todo o amor que eu possa ter por essa coisa linda que é minha amizade mais incondicional do mundo.

6.8.07

E a alma se enche de alegria...

Sexta feira, festa bacana com pessoas bacanas. Acontecimentos surreais e muita bagunça.

Sábado, dia gostoso de colocar a parte estética em dia. Almoço gostoso com os pais. Casamento lindo e bacana - um emocionante ode ao amor, ao amor deles, ao nosso amor. O prosecco, as comidas afrodisíacas e a vida ébria de sempre.

Domingo, dia de mil coisas e ressaca. Jogo de futebol, frio, café com os amigos, muitas risadas, papos cabeça, papos bons, papos gostosos, e depois lanche com o abraço mais gordo e quente.

Hoje segunda normal mas reencontro com amigo do peito mais do que especial.

Eu não preciso mais do que isso para ser feliz, né?

3.8.07

Mochileira

Estou com uma vontade louca de ser mochileira de novo.

Queria me debruçar sobre um Atlas, traçar um roteiro, comprar a passagem, e ficar muito tempo imaginando tudo como seria.

Depois eu correria atrás de algumas burocracias, faria a mala com as coisas básicas que se pode levar em uma mochila, calça jeans e tênis confortável, ficaria cinco dias com o coração na boca esperando o embarque chegar.

Quando eu embarcasse, eu teria praticamente um ataque de taquicardia. O desconhecido, as expectativas, eu e a mochila - companheira. Daí eu caminharia cidades inteiras por muito tempo, tentando ao máximo entender como é viver lá. Eu conheceria pessoas bacanas em albergues, conheceria pessoas bacanas nas esquinas, na mesa ao lado nos restaurantes, na fila da chapelaria do museu, no banco do ônibus ou na faixa de pedestre. Eu teria a sensação de ter o mundo inteiro à frente, pronto para fazer parte do meu futuro. Eu teria a certeza de que a realidade é muito melhor do que toda a imaginação dos tempos anteriores à viagem.

Daí eu voltaria.
Um pouco de mim no mundo, muito do mundo novo em mim.
Eu voltaria, já pensando em qual será a próxima viagem de mochila.
Eu voltaria pronta para deixar um post como esse no meu blog.

Eu voltaria e me fantasiaria de mochileira na festa à fantasia do pessoal do trabalho, em um ataque crítico de nostalgia.

De Almir Sater, em "Mochileira":
Mas os Deuses eles sabem
Que valeu a pena segurar essa barra
Moça o céu é seu amigo
Enquando durar essa farra
E depois você é mesmo
Do tipo de cigarra
Que canta na chuva
Dance mochileira que eu toco a guitarra.

2.8.07

Guitar Man

Versão sugerida para ouvir: Cake.
Link:
http://musica.busca.uol.com.br/radio/index.php?ref=Musica&busca=guitar+man&param1=homebusca&q=guitar+man&check=musica

Who draws the crowd and plays so loud, Baby it's the guitar man.
Who's gonna steal the show, you know
Baby it's the guitar man,
He can make you laugh, he can make you cry
He will bring you down, then he'll get you high
Somethin' keeps him goin', miles and miles away
To find another place to play.
Night after night who treats you right,
Baby it's the guitar man
Who's on the radio, you go listen
To the guitar man
Then he comes to town, and you see his face,
And you think you might like to take his place
Somethin' keeps him driftin' miles and miles away
Searchin' for the songs to play.
Then you listen to the music and you like to sing along,
You want to get the meaning out of each and ev'ry song
Then you find yourself a message and some words to call your own
And take them home.
He can make you love, he can get you high
He will bring you down, then he'll make you cry
Somethin' keeps him movin', but no one seems to know
What it is that makes him go.
Then the lights begin to flicker and the sound is getting dim
The voice begins to falter and the crowds are getting thin
But he never seems to notice he's just got to find
Another place to play,
(Anyway got to play, anyway Got to play.)
(Neither way got to play, neither way got to play)

Guitarra arranhada para dias de indiferenças, defesas, proteções, criadas e muito bem afiadas. Eu sigo, inabalável.
Em frente. Passo forte.
Queria estar em um Lamburghini '62, route 66, com um óculos Ray Ban e cabelos ao vento. Só.
E aí, manter: inabalável.

27.4.07

Chuva fina de sexta

Sexta feira chuvosa, chatinha, dia escuro, véspera de feriado, frente fria, ai que vontade de tomar um whiskey, melancolia que bomba por todos os poros, mil perguntas na cabeça - que não se calam e se multiplicam, o cabelo não acordou em um bom dia, a roupa não acordou em um bom dia, o olho não acordou em um bom dia.

Eu não disse boa noite pra minha mãe ontem! Ela foi fazer cafuné em mim enquanto eu estava dormindo. Mas parece que eu dei boa noite pro mundo, dei as costas, e comecei a andar na direção oposta. Mal sabe ele...

Ok. Frente fria é gostoso. Sexta feira chuvosa é gostoso. Talvez seja dia de comédia romântica no DVD, com pipoca. Ou talvez seja dia de bar escuro, obscuro, sujo, muita fumaça, nicotina bombando, whiskey.

Talvez, acima de tudo, eu não saiba o que eu quero. E é bom, no final das contas, não saber o que se quer.

Bittersweet melancholie. Típica pra uma sexta chuvosa.

26.4.07

Três Meses

Três meses de infindáveis conversas.
Eu quero a sorte de um amor tranqüilo

Três meses de risadas sem fim.
Com sabor de fruta mordida

Três meses de uma coisa louca.
Nós na batida, no embalo da rede

Três meses, ele zuando da minha cara.
Matando a sede na saliva

Três meses, eu zuando da cara dele.
Ser teu pão, ser tua comida

Três meses, muito colo e mimitos.
Todo amor que houver nessa vida

Três meses, telefonemas antes de ir dormir.
E algum trocado pra dar garantia

Três meses, saudades a semana toda.
E ser artista no nosso convívio

Três meses, sábados que parecem um grude.
Pelo inferno e céu de todo dia

Três meses, cervejas e cigarros.
Pra poesia que a gente não vive

Três meses, os amigos dele viraram meus, os meus amigos viraram dele.
Transformar o tédio em melodia

Três meses, cantar duetos improvisados.
Ser teu pão, ser tua comida

Três meses, baladas, casamento, viagens.
Todo amor que houver nessa vida

Três meses, ronco, pum, arroto.
E algum veneno antimonotonia

Três meses, todos os planos do mundo pro futuro.
E se eu achar a tua fonte escondida

Três meses e um conhece muito do outro.
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida

Três meses e um não conhece nada do outro.
E o corpo inteiro como um furacão

Três meses e dividir: aprendizado contínuo.
Boca, nuca, mão e a tua mente não

Três meses e a cada dia que passa, gostar mais.
Ser teu pão, ser tua comida

Três meses e nada de wok para ninguém.
Todo amor que houver nessa vida

Três meses de olho que brilha e sorriso que explode.
E algum remédio que me dê alegria

Três meses e nada de ontem é hoje.

ps.: post comemorativo, dedicado ao ato de apertar mais gostoso do mundo.
ps.2: "Todo amor que houver nessa vida", Cazuza.

25.4.07

Fricote de Luluzinhas

Como é bom, né?
Como é bom ter pessoas especiais guardadas com você para os momentos mais gostosos possíveis.
Como é bom poder reviver nossa antiga tradição de amigo secreto de ovo de Páscoa com o mesmo vigor e a mesma curtição dos anos de faculdade - ou se bobear, ainda melhor, como está todo mundo dizendo por aí.
Como é bom bater o carro em um dia e no dia seguinte encontrar o maior calor humano gostoso que pode haver nesse mundo.
Como são bons tudo: o vinho, a salada, o risoto, o brigadeirão.
Como riem todas, alegres, alto, às vezes até de um jeito escandaloso, fazendo fofocas gostosas e colocando o papo em dia, fumando um cigarro e outro, jogando conversa fora, colocando conversa pra dentro, discutindo se doce de cacau é chocolate e fazendo benchmarking de um final de semana inteiro.
Algumas sentadas no chão, outras praticamente deitadas no sofá, outras espremidas e de joelhos dobrados em outro sofá. Todas displicentes e à vontade, como deve ser, e a maioria, descalça. Mesmo assim, todas lindas. Ah, que lindas as fotos que eu ainda não vi!
E como, como se divertem essas meninas, na hora de imitar umas às outras, na hora de trocar ovo de Páscoa, na hora de descrever a amiga secreta...
Sabe o que é o mais bom de tudo?
É saber que se passaram mais de dois anos da nossa formatura (ui, como esse tempo começa a pesar nas costas e a doer nos joelhos, jeje), que muita coisa mudou na vida de todo mundo (entre as mudanças, começos e fins de namoros, mudanças de estado civil e de local de residência, mudança de país inclusive, e a outra que virou doutora, e a outra que muda de país ano que vem de novo...) mas que entre a gente continua tudo muito bem, obrigada!

20.4.07

Sexta e o Cotidiano

Na depilação na hora do almoço:

Enói:
Tudo bom com você, Mariana? Que cara de cansada...

Mariana:
Tudo nos conformes, Enói.

No trabalho após o almoço. Indo escovar os dentes:

Joyce:
Tudo bem, Mari? Tá com uma cara...

Mariana:
Tudo, e você? (risadinha cínica)

'Cause you've had a bad day...

Ontem.
Correria. De carona pro trabalho. Atraso. Brincos nas mãos, confusão para entrar no carro, sacola, mochila, chave, celular, casaco. Costas molhadas ainda do banho, e a camiseta, grudada. Apruma o cabelo. Coloca brinco por brinco, todos. Finge que é civilizada.
Chegada. Correria. Muitos emails. Coração disparado. Fofocas e notícias do subsolo. Nem um bom dia, nem um boa noite. Olho sem foco, ao certo. Certeiro, nem nada. Talvez só meu dedo no teclado, rápido, um email atrás do outro. Muitas respostas; a maioria, infundada. Tudo é incerto.
Saída. Correria.
A pé para casa.
Passos rápidos. Respiração ofegante. Vento frio. Pensar na vida. Alívio, ao certo. Cigarro. Falar com ele, marcar de sair da rotina e de vê-lo mais tarde. Sim. A saudade espreme a rotina e diminui as horas de sono. A melhor notícia que eu poderia ter no dia: irei encontrá-lo. E ele sabe disso.
Elevador, rápido.
Abraço carinhoso na mãe. Saudades. Costas molhadas, da mochila, da caminhada, da respiração ofegante. Notícias do hospital e da avó. Ela sempre pergunta de mim. Iogurte e letras de musicas. Mais um abraço apertado na mãe. O coração, apertado também, mas muito mais pelo "bad day".
Elevador. Ônibus. Catraca. Elevador. Cigarro.
Sala de aula: seminário.
Tédio. Tédio. Tédio. Piadinhas sobre a professora. Motivação? Qual a minha motivação em ver esse seminário, que ela elogia como ótimo? Cadê os questionamentos? Se é assim que ela quer... um seminário igual ao texto, que não aceite outras visões... fim da motivação. The point of no return.
Cigarro. Conversas. Risadas.
Croissant de pizza (buraco no estômago) e Iced Tea de Pêssego, light.
Jogo. Lucro. Margem. Market Share. Modelo de DVDs. São Paulo, Argentina, filiais, comprar uma outra, Chile, Paraguai e Uruguai. Palavras incessantes e incandescentes. Baixinhas. Estratégia sussurrada. Mil planilhas. Propaganda, promoção, relatório. Professor, cabeça grande, o cérebro dele deve ser enorme lá dentro. Eu sempre fico me perguntando sobre o tamanho da cabeça dos gênios.
Saída.
Esperança. Cigarro. Espera. Chegada e sorriso, abraço apertado, que saudades!
Carro e pai e conversa e casa e portaria da casa do amigo e coisas de Santa Barbara e gravata azul de diplomata e rua da Consolação.
CABUM!
CABUM!
Um carro na frente, outro atrás. Óbvio que a minha quinta não tinha sido ruim o suficiente. Sim, ela precisava piorar um pouquinho. Batida de carro. Na frente e atrás. Sanduiche. E depois, carro sem bateria, tendo que pegar no trampo.
Volta para casa, toma bronca do pai.
E ele lá do lado, um santo, o apoio, o carinho, o abraço.
Docinho na Ofner. Gianduia, talvez meu desejo quando eu esteja grávida. Conversas gostosas, sempre. Gosto tanto.
Deixa ele em casa. Volta para casa. Entra em casa. Mãe e irmão. Bravos.
Batida.
Sudoku.
Jô Soares.
Batida. B.O. Seguro.
Onde você estava e por que demorou?
Por que bateu e o que aconteceu?
Conta do celular.
Táxi. Acertos por semana.
Você está tão perdida, Mari. Tão sem foco, Mari. E se essas palavras fazem efeito e me incomodam, é porque talvez elas façam sentido.
Sono, cama.
Imagem: meditação no retiro budista. Paz e luz.
Sonhos e quando percebo, acordo sorrindo. Café da manhã, irmão, jornal, banho, carro, trabalho.
Sexta e sol.
Sexta? SEXTA! Dia nacional das bombas, sempre.
Saco.
Ainda bem que chega o final de semana. Esse promete. Ponto negativo: a segunda se aproxima cada vez mais.

19.4.07

O Retorno

Depois de ter escrito sobre chegadas e partidas, simplesmente parei, larguei e me fui. Para bem longe e ao mesmo tempo, tão perto.
Pois bem.
Voltei.
Arrependida de tanto tempo longe daqui, com saudades do meu exercício quase diário e mais do que preferido.
É bom voltar para onde somos sempre bem-vindos. Como voltar pro sítio. Cheiro de café na cozinha, bolinho de fubá fresquinho, fim de tarde na rede, vento friozinho lá fora. Aconchego.