28.11.07

É sábado!!

Bom Senso - Tim Maia

Já virei calçada maltratada
E na virada quase nada
Me restou a curtição
Já rodei o mundo quase mudo
No entanto num segundo
Este livro veio à mão
Já senti saudade
Já fiz muita coisa errada
Já pedi ajuda
Já dormi na rua
Mas lendo atingi o bom senso
A imunização racional

De novo lá no espaço bom demais de estar - Auditório Ibirapuera.

27.11.07

Meu melhor leitor

Meu melhor leitor é meu melhor amigo.

Ele não sabe o que é fechar relacionamentos e vive seguindo mesmo assim - ah, sim, eu queria ter umas aulas com ele.

Está la na Austrália, há todos os oceanos e alguns mil kilômetros de distância, liga me dá susto me realiza e me deixa feliz pelo resto do dia.

Disse que entra no computador, abre o hotmail, o yahoo, o orkut, o facebook, e em seguida o Très Fantastique. Sim, ele me lê todos os dias.

Saudades dele... imensas e intensas. Não é justo não ter nem seu colo nem seus puxões de orelha nem nossos entardeceres bêbados no boteco da esquina (ok, essa última parte foi ficção, porque estou ficando forte só agora).

Digo sinceramente que te amo profundamente.

Vida Ordinária

Desce a rua Augusta, vai sentido centro, shorts curtos e olhos borrados de tanta maquiagem. Uma long neck na mão - com vodka. Pura.

Vai, cambaleante. Vai, caminhante.

Não para de descer a Augusta. Agora, faz parte da fauna como membro integrante e assumido. Se sente assim, junto de todo mundo, uma igual a eles.

Fuma cigarro atrás do outro, gosta do ardor da nicotina quando encontra o pulmão já tão cheio dela.

As buzinas são chatas, mas é o som da rua que chega em seus ouvidos.

Os caras são chatos, mas afinal, quem não gosta de ser chamada de GOSTOSA com a boca cheia? Ninguém está à altura dela - e ela sabe bem disso.

Vai, vulgar, devassa, só segue sem olhar para trás.

Pára na Roosevelt. Conversa com gente igual ela.

Segue, cada vez mais, pro centro. República, mendigos e putas. Lixo no meio da rua. Poesia concreta paulistana. Deselegância discreta, mas não tem mais menina.

Loucas noites têm reinado, com cada vez melhores companhias.

Descabela, só porque acha que é legal.

Agora é cachaça que ela quer.

Borra mais um pouco os olhos. De cambaleante, cai e rala a perna, levanta e continua a andar.

Bem que essa poderia ser eu daqui há alguns anos. De vida ordinária cheia de Locas Noches, logo logo chego à vida bandida que atualmente tanto almejo.

Enquanto isso, meu deleite é a vida bandida e deliciosamente romântica do Xico Sá. É frase dele: "Só a lascívia embeleza uma fêmea". Cá estarei eu, prova viva disso, quando realmente tiver minha vida bandida, quando eu conseguir ser deliciosamente romântica sem que isso signifique o fundo do poço.

Por enquanto, errada estou e errada fico. Me estrago mais um pouco a cada final de semana. Nunca pensei que viver assim fosse tão delicioso.

Errada estou e errada fico. Fim feliz é isso.

Sugestão: http://carapuceiro.zip.net/

ps.: vem do horizonte uma nuvem cinza que cresce e se aproxima. Mais um final de semana que será FORTE. Isso porque por enquanto hoje só é terça.

Aiai, vida ordinária.

26.11.07

Do the right thing

No meu mais novo foco "carreira", olha só o artigo publicado pelo Valor hoje e que se encaixou bastante para mim:

http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/eueinvestimento/167/Mudar+de+emprego+da+o+maior+trabalho+prepare-se,072611,,167,4652731.html

Recomendo para todos os que quiserem programar uma guinada na carreira, mesmo que isso não envolva mudançan na área de atuação, e sim simplesmente mudança de empresa.

"Muitas vezes tirar o fio da tomada por algum tempo pode ajudar. Desligar-se temporariamente para reorganizar a vida em geral, inclusive a carreira, é uma excelente ferramenta de apoio para tomada de decisão. Pode começar pequeno, com um dia de folga, depois com uma emenda de feriado, mais tarde com férias merecidas esticadas e por que não, um período sabático mais longo."

É bom começar a 2a feira assim.

25.11.07

Coisa de aspira e coisa divertida

É coisa de aspira:

- comer pouco antes da balada e ter a ilusão de que vai aguentar beber muito
- ir de salto alto se esbaldar e achar que vai dançar muito
- fazer a prospecção pré-balada errada e achar que vai conseguir o que quer
- beber um pint de Erdinger na pré-balada e parar de beber logo em seguida
- ir toda chicosa para festa de amigos desencanados

É coisa divertida:

- anos 80 na balada
- festa feliz com amigos felizes
- kit sobrevivência de balada com Engov
- ficar descalça e fazer cerimônia dos lavapés ao chegar em casa
- baladar usando shorts
- ver todo mundo bêbado dando risada da vida
- suar até molhar a blusa - e perceber que está todo mundo assim

Sim, sábado à noite foi muito bom.

22.11.07

Done

Noites de insônia. Dúvidas. Barulhos. Lágrimas. Brigas.

Calmante... e dorme.

No fundo, lá, no canto, depois do medo, da angústia, e da insegurança, está a certeza. A certeza de que o caminho rumo ao desconhecido é o melhor a fazer.

A certeza de que navegarei sem bússola, e me guiando pelas estrelas, e que elas vão me dizer onde está meu norte. A certeza de que as estrelas só aparecem à noite, e é à noite que sonhamos, então em última instância ao abrir mão da segurança da bússola estou, na verdade, optando por buscar um sonho. E não é para soar piegas, não. É para soar pé no chão. É para soar racional e consciente e consistente. E sim, o navio vai pegar turbulências, tempestades, tsunamis. Mas à noite as estrelas sempre estarão por lá.

Hoje acordei com aquela sensação gostosa de quentinho no peito. Falei com um especial, falei com outro especial, falei com uma especial também, e falei com o chefe. Depois falei para todos, que receberam a notícia como grande surpresa. E com grande sorriso. Palavras de apoio e abraços gostosos foram o que mais recebi hoje. Todo mundo com a mesma certeza: de que eu tomei a decisão certa. Os que ficam me falaram "corajosa" como uma bela admiração. Todos sabem que busco agora o caminho que é meu.

Vou inventar meu futuro e já volto. Vou ser feliz e já volto.

Não acho, definitivamente, que será fácil. Mas... a man's gotta do what a man's gotta do.

Pode ser que tenham lágrimas no último dia... afinal, quase três anos lá todos os dias.

Mas ainda falta um mês de aviso prévio para isso.

21.11.07

Ode à São Paulo

Só São Paulo mesmo para permitir que certas coisas aconteçam...

- só em São Paulo tenho livrarias como a Cultura do Conjunto Nacional, onde posso mergulhar em livros e me afogar no Visa Electron sem medo de ser feliz.

- só em São Paulo posso descer a Padre João Manuel em um 15/nov que mais parecia inverno, com frio e garoa fininha, em um final de tarde deveras melancólico, ouvindo jazz, e me sentindo em Londres. Ou em qualquer outro lugar que parecia não ser o Brasil. Desci eu e o capuz e a sacola com cinco livros, flanando, tomando cuidado para não escorregar na calçada, passando pelos cafés cheios e ouvindo o ruído de muitas vozes lá dentro, no quentinho. E eu lá fora, no frio. Senti a solidão e a melancolia na prática e na pele. E nunca foi tão bom ser uma paulistana solitária, no meio de tanta gente.

- só em São Paulo saio caminhando pela rua depois da IBM, chego ao Paraíso, encontro a Princess, vou a um cinema preferido (Reserva Cultural), vejo um filme dos bons (El Pasado), saio de lá aliviada ao perceber que eu não sou tão louca quanto a protagonista do filme, e que meu fim de relacionamento tem sido mais saudável e menos melodramático do que o fim de relacionamento visto no filme, volto para casa tendo ótimas conversas com ela que é minha irmãzinha, descubro que abriu um Starbucks lá, logo entre a Campinas e a Santos, e depois vamos jantar no japonês, comendo em excesso. Fora o mico de parar mal o carro em uma vaga na frente do restaurante, logo onde tinha mil mocinhos interessantes que poderiam virar nossos paqueras e no entanto viraram nosso deboche (a manobrista era eu).

- só em São Paulo saio de cidade nublada, em duas horas estou com os pés na areia e debaixo do sol, e em mais duas horas estou na cidade nublada de novo.

- só em São Paulo como hamburguer dos mais deliciosos no St Louis, sigo para a Roosevelt onde encontro boa amiga com uma boa cerveja, e encontro gente de todo o tipo, nerds, cools, cults, putas, artistas, escritores, gente do teatro, gente da rua, gente da vida. E daí ficamos lá dando boas risadas, até que resolvamos ir dar boas risadas em outro canto. E por um caminho mágico pela madrugada do centro de São Paulo chegamos ao Teatro Mars rapidinho. O carioca chega depois com mais tantas outras meninas, leves como fadas, sorridentes como crianças, e simpáticas como se fossem minhas velhas amigas. Daí a luz acaba e o baterista continua sozinho, porque mesmo sem luz a festa não pode acabar. Até que nós cansamos e resolvemos voltar e dormir... e qual não é a Lei de Murphy que, assim que pedimos os carros pro manobrista, eis que a luz volta. Ah, esse Teatro Mars, baladinha legal, músicos dos bons, buraco preto com cara de festa, andares e andares de andaime, cara de cidade decadente, e lá dentro pessoas tão jovens e animadas enxem a casa de luz.

- Simbora para a energia frenética do Mercadão. Domingo, duas da tarde, solão lá fora, multidão lá dentro. Multidão de tudo, de comidas, de pessoas, de barulhos, de coisas legais para bater fotos... multidão de vida. Só em São Paulo paguei de turista fashion e fui feliz.

- Outro feriado... dessa vez, só em São Paulo vi o museu que eu não conhecia. Fui no parque que eu só tinha ido no show dos Mutantes, e me diverti pacas andando pelos jardins, tirando fotos lindas, aproveitando bem aquela luz amarela, azul e verde do dia ensolarado, do céu, do prédio do museu, do jardim.

- Depois, só em São Paulo de novo, almocei com amiga do coração e amigos do coração que são quase meus amigos, e experimentei rabada, algo de novo nesse estômago.

Sim, tive papos cabeça, tive pensamentos perdidos, tive muitas insônia, tive brigas comigo mesma e com o mundo esses dias. Mas sim também, foi maravilhoso passar o feriado em São Paulo.

E afinal das contas, será que a gente seria feliz se viver fosse fácil?

Será que eu ficaria tão feliz no Parque da Independência se na noite anterior eu não tivesse passado mal de insônia e tomado calmente para poder dormir? Será que eu teria aproveitando tanto meu pé na areia sábado se na sexta eu tivesse assistido um filme que não trabalhasse com a dicotomia angustia/alivio de fim de relacionamento?

Obrigada, São Paulo, por me abrigar e por ser a minha cidade.
Só aqui para ter um feriado desses...

16.11.07

Suedehead - Morrissey

De sábado para domingo, 27/10 para 28/10/2007, na fila para sair da balada que figura entre as maiores aventuras da minha aventura, Morrissey canta Suedehead. Nós cantamos juntos, dançando na fila, entre os amigos dele. Sem olhar um na cara do outro.

De sábado para domingo, 10/11 para 11/11, na rua do centrão de SP, entre bêbados, mendigos, putas e lixos, estamos a caminho do carro. Ele começa a cantar Suedehead. Eu me empolgo e canto muito alto. Ele fala: "E não é que ela é uma Morrissey mesmo?" Nos abraçamos e ficamos cantando, no meio da rua. Um abraço forte que eu não sentia há tanto e tanto e tanto tempo... A sensação que eu tive é que durou uma eternidade. Só lá, o abraço, a saudade, a falta, a ausência, e sem beijo na boca, por respeito e consideração.
Eu choro, mas acho que a bebedeira dele não permitiu que ele percebesse meu choro. Ainda bem.
Momento lindo, bem com cara de final de balada, final de noite, final de relacionamento, final de filme.

Lagriminhas.

A letra? Para quem quiser...

Suedehead - Morrissey
Why do you come here?
And why do you hang around?
I'm so sorry I'm so sorry
Why do you come here
When you know it makes things hard for me?
When you know, oh
Why do you come?
Why do you telephone?
And why send me silly notes?
I'm so sorry I'm so sorry
Why do you come here
When you know it makes things hard for me?
When you know, oh
Why do you come?
You had to sneak into my room'just' to read my diary
It was just to see, just to see
All the things you knew I'd written about you
And so many illustrations
I'm so very sickened
Oh, I am so sickened now
It was a good lay, good lay
It was a good lay, good lay...

5.11.07

Grey Day

Acho que é porque:

- dias muito coloridos assustam a rotina, fazem com que ela fique assustadoramente cinza;
- poucas horas de sono me matam, e ontem de novo vivi o caos aéreo na pele;
- domingo no Rio e 2a em SP é um choque cultural deverash injuishto;
- hoje está chovendo e está frio;
- não aguento mais essa rotininha;
- a mediocridade me causa calafrios, e conviver com ela diariamente me é uma tortura do pior tipo...

... que resolvi me camuflar de algo que combine com asfalto, com chuva fininha e com um "não me encontrem" gritado bem alto.

Resultado?

Jeans, blusinha azul clarinho indo pro cinza, e blusa de capuz cinza claro. Sem criatividade, sem cor, sem eu, sem nada. Só assim.

Cenas do próximo capítulo:
- divagações sobre o caos aéreo
- minh'alma canta, vejo o Rio de Janeiro...