22.6.09

Para não perder de vista

Essa vista, para mim, tem gosto de:
- pão na pedra às 3as e 5as dos idos de 95 e 96, depois das aulas de inglês na Cultura Inglesa;
- almoço às 4as em 98, antes de voltar para a escola para as aulas da tarde;
- quase todos os finais de tarde e começos de noite dos domingos dos últimos 19 anos;
- colo de avó de seios fartos, com direito a cafuné;
- aulas de árabe, tentativas incessantes de deixar um legado linguístico para os netos;
- almoços em família, tantos e tantos, com o kibe da vovó;
- almoços de Natal, que mais pareciam uma rave familiar que começava às 2 da tarde e terminava às nove da noite;
- bronca em mim porque a minha letra era feia;
- lanches vespertinos das amigas e das primas da minha avó, que eu podia frequentar antes de entrar no mundo do trabalho;
- dez netos e toda a bagunça do mundo;
- cigarros na varanda, quando a gente vai perdendo a inocência;
- bolo de fubá, bolinho de chuva, chá de camomila, com as pernas debaixo do cobertor, nas tardes de férias de inverno;
- conversas sobre a história da família, de onde viemos, quem eram meus bisavós, meus tataravós;
- cuidados com as plantas na varanda e algumas lições de jardinagem.
Essas, e tantas outras memórias afetivas.
Dessas que só uma história com uma vó consegue ter.
Compartilhemos a vista, naquela tarde linda que foi o domingo do solstício de inverno.

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