22.6.09

Délicatesse

- Nossa, você continua linda!
- Obrigada! E você, usando colete...?
- É, foi dica de uma ex-namorada. Mulher inteligente eu admiro e levo as dicas em consideração.
(risadas)
- É, percebi...

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- Não é estranho virmos para a sua casa?
- Não, não é. Eu não gosto de lugares públicos para algumas coisas.

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(papos gerais das coisas da vida, para quebrar o gelo)

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- Você ainda gosta dos meus olhos verdes?
- Gosto, lógico. Não teria porque não gostar.
- Eu morro de saudades do seu sorriso e da sua risada, sabia? E do jeito que você fazia cafuné.
- (risadinha sem graça)
- Você prefere a minha barba como? Mais rala? Ou mais compridinha um pouco?
- Eu preferia mais compridinha um pouco, porque não arranhava tanto. Mas tanto faz, né?
- Ah, não tem problema que não estamos mais juntos. Não é tanto faz.

**

- Olha o que eu fiquei ensaiando no piano para tocar para você no Dia dos Namorados.
- Você vai tocar?
- Vou. Chuta que música que é.
- Não tenho a menor noção.
- Senta aqui do meu lado.
- (puxa a cadeira)
- (começa a tocar)
- (olho enxe de água)
- (olho enxe de água)
- Está lindo isso. Não acredito que você descobriu que música que era e foi atrás da partitura.
- Sim, eu fiz isso, sim. Mas é inacreditável que você enxe os olhos d'água, viu...
- Eu sou emotiva. Você sabe disso.
- (rindo) É, eu sei. Eu quase não te vi chorar, não... né? (rindo)
- (passa o dedo embaixo dos olhos, enxuga umas lágrimas, ri um pouco)

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- É muito estranho tudo o que aconteceu e o que te levou a terminar o namoro.
- É, eu sei. Nem eu entendi direito.
- ???
- Não estava dando para mim, ué. Não estava rolando legal. Agora, se você me pedir uma justificativa racional, do tipo um mais um é igual a dois, eu não sei te dar.
- Por isso que eu te perguntei se tinha outro homem.
- E por isso que eu te digo que você tem que acreditar em mim: não tem outro homem. E eu também não sou bipolar.
- É, eu sei. Porque quando eu te liguei eu não sabia o que eu encontraria, e encontrei exatamente a mesma pessoa que eu já namorei.
- (rindo) Viu? Eu não sou bipolar.

**

- Você anda mais uma quadra? Ou prefere que eu desça aqui do carro e vá a pé até o meu prédio.
- Não vou te deixar ir a pé. Mesmo que eu não seja mais seu namorado. Ou você se esqueceu do meu cavalherismo em tão pouco tempo assim?
- Não me esquecerei disso.

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- Foi bom ficar hoje abraçado assim juntinho, né?
- Foi. É, menininha, você deixa saudades.
- Você também.

**

(saindo do carro)
- Posso te convidar para o próximo show do meu tio? Você iria comigo?
- Iria. Me chama, sim.

**

A música ao piano, que ele ficou ensaiando, é essa. De quando assistimos a "Man on Wire" (O Equilibrista) e, ao atravessar entre uma torre e outra do WTC, a música que toca é essa. Coisa linda.
Na partitura, a recomendação para interpretação da música era: "lent et douloureux".

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