5.6.09

Do mundo do poder

Então ontem foi aniversário da minha prima e fomos todos lá para a Vila. Mais especificamente, pro Genial. Brahma Black foi a minha pedida da noite, porque estava frio e porque combina com quinta à noite e conversa de pessoas bacanas.

Aproveitei para dar (tenho aproveitado para dar) as últimas baforadas nicotinadas debaixo de um teto (ou de um guarda-sol, veja bem, porque essa lei é surreal de restrita) enquanto nós, fumantes, não viramos os páreas da sociedade, os portadores da gripe suína, os leprosos da Idade Média, os vermes que assolam o futuro da humanidade impregnando-o com todo o mal do mundo (pois afinal, é assim que essa nova lei trata os fumantes - não basta respeitar mais ou não fumantes, tem que humilhar os fumantes).
(ok, esse foi só um desabafo momentâneo, porque ontem no bar o cara da mesa ao lado foi muito infeliz quando pegou no meu braço e disse: 'os dias de vocês estão contados' e só porque ele disse isso eu fumei mais e joguei mais baforadas na mesa dele com a namoradinha perfeita dele e então especificamente no dia de hoje estou com um pouco de ódio no coração. Noutro dia faço um post sobre essa lei, um pouco mais racional, um pouco mais maduro, do jeito que esperam mundo afora que a gente seja)

Voltando.
Contexto: aniversário da minha prima, 35 anos. Prima-ídola, by the way, porque adoro ela e as histórias jornalísticas dela.
Na mesa: porções de pastel, maços de cigarro (hoje estou com a nicotina na cabeça), chops Brahma Black.
Sentados: a aniversariante, minhas primas (irmãs da aniversariante) e amigos dela. Todos com cara e jeito de descolados (adoro), mas não de blasés (não adoro). A maioria, ou marqueteiros, ou jornalistas. Todos com alguma informação dessas que não correm soltas em todos os lugares mas que correm soltas na mesa do bar.

Entre os sentados, especificamente dois me chamaram a atenção.

Um deles, uma mulher, que trabalha muito perto dos círculos políticos, e que ficou contando histórias privadas de pessoas públicas. Adultérios, filho gay, filha bastarda, um mora em uma casa e outro na outra. A cliente chama a menina que estava na mesa para jantar com ela, porque se sente muito sozinha. E liga às duas da manhã do sábado. Não posso nem chegar perto de mencionar especificamente de quem estávamos falando, porque é realmente um casal público que tem estado na crista da onda. O que eu sei é que foram boas histórias do mundo do poder.

O outro que estava à mesa conosco é um marqueteiro de uma grande empresa que tem, desde a última semana, sofrido uma exposição gigantesca na mídia (quem adivinhar que empresa que é ganha uma bala, dãããããããr). E aí ele contou um pouco do stress que ele vem passando, de como foi a semana naquele hotel na Barra da Tijuca, do alto risco relacionado à imagem da marca e que é inerente a essa indústria, e de como jornalistas em diferentes países lidam com a vida privada das pessoas, e de como a imprensa tem sido patética. E que ele não é assessoria, não fala com o público, com as famílias das vítimas - mas ele é "corporate", cuida de toda a informação que a empresa solta para a imprensa. Ele estava surtando de stress, tadinho. E fumava loucamente. Hoje de manhã, já voltava para o Rio (mas ontem ele quis vir dar um beijo de parabéns para a aniversariante).

Deu dó de sair daquela mesa ontem.
Eram amigos da minha prima que poderiam se muito bem meus amigos.
Mesmo assim, voltei no carro cantando - de feliz que eu estava.

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