19.3.08

O outono chega

Tudo bem, tudo bem, eu sei que não temos mais estações definidas em São Paulo. Também sei que o inverno não será e já não é mais frio, e o outono não será e também já não é mais friozinho. Sei também que a primavera será uma mera continuação do calor invernal e infernal (inversão térmica, essa praga que nos assola a cada julho seco) e que o verão será a intensificação, embora chuvosa, do calor de todas as outras estações.

Mas a questão para mim vai além.
Eu simplesmente ADORO o inverno.

Moraria fácil em uma cidade de temperatura média anual não acima dos 15, e de preferência na maior parte bem abaixo disso. Não penso em morar no Nordeste porque morreria de infelicidade de abandonar meu guarda roupa de inverno em São Paulo, Nordeste só é bom para férias, quinze dias no máximo e olhe lá, não aguento todo aquele calor não. Eu passo o tempo todo entre março e setembro acompanhando de perto o noticiário metereológico (Josélia Peggiorin, da Climatempo, diretamente para a Rádio Eldorado FM), esperando que anunciem uma garoa, uma frente fria, uma noite com mínima de sete graus. A Lau disse que eu tenho um oratório de nuvenzinha, onde eu fico rezando e implorando que chegue logo a frente fria. Mesmo morando nos trópicos, meu guarda-roupa de inverno é mais vasto do que meu guarda-roupa de verão (e olha que meu aniversário é na primavera). Eu aprendi metereologia sozinha, quase como uma auto-didata, misturando conceitos de física, biologia, geografia, química, simplesmente pelo instinto de sobrevivência de querer entender quando a frente fria chega. Mesmo com um calor de 30 graus lá fora, me fecho no meu quarto, ligo o ventilador, e fico experimentando meus looks de inverno, como que querendo matar saudades das roupas (essa crise tem geralmente seu auge em janeiro).

Fico feliz quando o tempo permite e pede que eu durma de meia.

Pois bem. Tudo isso posto, já é possível imaginar minha vibração de felicidade quando o tempo fechou quinta da semana passada, né? O oratório de nuvenzinha estava quase com um brilho neon de tão feliz. Ele estava funcionando, finalmente...

Me empolguei. Peguei a calça jeans, a blusa de manga três quartos, a capa de chuva comprida, uma bota. Estava vestida de outono, pela primeira vez em 2008. E isso se repetiu algumas outras vezes entre sexta e segunda... me vestir de outono todos os dias, feliz, realizada, testando os visuais. Fazer maior visual outonal produzido simplesmente pelo prazer de me vestir de outono, mesmo que seja só para pegar pão na padoca.

Fazer o que? Eu sou assim... tinha que ter nascido em algum lugar frio...

Foi completamente uma over reaction outonal. Mas que eu adorei, adorei.

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