7.3.08

Destino: Centro - Parte IV

OU: DO ALMOÇO

Pois bem que naquela loucura daquele labirinto burocrático e sobe escada e desce escada e entra em fila e sai de fila ligou o telefone tocando e era ele com quem eu tinha combinado um almoço. Saio correndo da CEF, praticamente deixando o inferno terreno e tão quente para trás e indo almoçar com o amigo que hoje é uma das pessoas mais fortes e importantes na minha vida. Não fomos almoçar em um lugar com ar condicionado e fresquinho, mas simplesmente sua companhia me traz a brisa leve e gostosa que eu precisava sentir na vida naquele dia.

Antes disso, fui a pé até a SanFran, já que eu sabia que ele estaria lá por perto, e fiquei observando o movimento de advogados engravatados naquela região, tão louca essa força essa tradição e toda a história da mais antiga faculdade de direito de São Paulo. Não sei dizer bem o que é esse ímã, desde aquele agosto de 2000 quando fui apresentada à SanFran nunca entendi ao certo o que é isso que ela exerce sobre seus alunos. Grandes amigos, um primo, duas primas distantes, e toda uma constelação de conhecidos e queridos já estudaram na SanFran. Todos eles mantém até hoje essa ligação muito forte que não dá para entender. Já sei que a faculdade onde estudamos tem muita importância na nossa história de vida, eu mesma sou uma prova viva disso, mas a SanFran tem alguma coisa inexplicável e muito forte e muito louca.

Divagações à parte, fiquei lá esperando o amigo ligar e ele ligou e eu fui lá para a rua Riachuelo. Subi e conheci o escritório dos queridos do peito... tão bonitinho o escritório, tão ajeitadinho, com tanta carinha de coisa legal. Saí de lá extremamente bem impressionada. Eu acompanho as histórias do escritório de perto, todas todinhas, mas ver o que é o escritório de verdade, ver o amigo ser chefe de verdade, cumprimentar os porteiros, brincar com o ascensorista... e pronto, conheci de verdade o escritório. E bato palmas. E tiro o chapéu. E sei que, com aquelas pessoas lá, com aquela lousinha lá, vai longe...

Almoçamos em um restaurante que é o mais pé-limpo dentre os pés-sujos do centro. Parece que ele quis ir devagar, doses homeopáticas de centrisse aguda em mim, e a comidinha estava boa e para manter a tradição a conversa estava boa também. E de fato, o restaurante era limpinho. A comida, normal - nem boa nem ruim. Poderia ser pior... Daí fomos tomar cafézinho, e ele queria me mostrar que o centro também pode ser high-level. Ok, ok, tomemos cafezinho cheio de frescuras, menino, tomemos... e no papo do almoço e do cafézinho, histórias do centro, das bagunças, dos restaurantes chiques e caros, dos restaurantes muito sujos com garçons que ficam gritando um pro outro, e assim em diante.

Ele se sentia meu anfitrião, a pessoa responsável por me mostrar que o centro é legal, mesmo que eu já soubesse disso. Ele estava me mostrando o centro DELE, e era isso o mais relevante daquele almoço. Muito louco isso de eu aparecer lá no território dele, mas que é todos, só que é mais dele do que meu, e aí ele toma para si a responsabilidade de me mostrar o espaço. Meio pavão, macho orgulhoso, enche o papo e conta histórias com orgulho. Com a diferença que não estávamos falando de uma cerimônia do acasalamento, estávamos falando apenas de um almoço entre amigos (amigos que se vêm duas vezes por semana, normalmente).

O homem em geral tem uns mecanismos, para dizer o mínimo, curiosos...

Quase duas horas depois, eu tinha que voltar para a Caixa e ele tinha que voltar para o escritório. No café, ele queria me mostrar o caminho de como eu chegaria de novo na CEF, e qual não foi a surpresa dele quando ele descobriu que eu, a patricinha perdida no centro, sabia exatamente onde estávamos e sabia melhor ainda o caminho da volta.

Um forte abraço, e a certeza de que na próxima vez nosso almoço será no Flor da Sé - o pé-sujo dos pés-sujos da Praça da Sé.

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