3.3.08

Elvy x Aura: Na trincheira da fronteira do conflito iminente

As duas são bem formadas em boas universidades e trabalham em uma grande e boa empresa, onde eu costumava trabalhar até ano passado.

Elas eram nosso suporte para assuntos operacionais locais de cada um dos países, assuntos nos quais à distância não poderíamos tocar, mesmo sendo "Latin America Service Center" para esse tópico com o qual trabalhávamos. Por exemplo? Pagamentos nas folhas, remessa de montantes, pedidos de visto, essas coisas...

A Elvy, da Venezuela, a boa performance em pessoa. Uma graça de simpática, pela foto ela era até bonitinha, adorava falar com a gente no telefone.

A Aura, da Colômbia, personalidade polêmica (para dizer o mínimo). Fofinha à priori, mas quase não respondia emails, nem atendia telefonemas, e dava canos atrás de canos e fugia que era uma beleza. O curso de sabonete que ela tinha feito era bem sucedido.

Pois bem. Muitos transitavam entre Venezuela e Colômbia a trabalho e o caminho inverso tambem é verdadeiro. Ou seja, necessitávamos à exaustão que as duas trabalhassem bem juntas. Mas sempre, sempre, sempre que precisássemos de alguma coisa que as duas fizessem, só mesmo fazendo call com as duas ao mesmo tempo, e mesmo assim ninguém garantiria que o serviço sairia.

Aura não gostava de Elvy, Elvy não gostava de Aura, e era declarado. Mesmo assim, Elvy costumava dar um belo dum banho de superioridade porque ela faria as funções necessárias. A Aura não, tática de guerrilha, aprendizado com as FARCs, fugia fugia e não fazia o necessário.

Politicamente, Elvy era da elite venezuelana, do tipo que saiu às ruas quando Chávez perdeu o plebiscito do ano passado de reeleições eternas. Aura era contra Uribe, "el embajador de las voluntads de los EEUU que eran muy prejudiciales a mi patria linda".

Agora, o país de Aura invadiu ilegalmente as fronteiras com o Equador, matou pessoas dentro do Equador, e cometeu um ato de guerra. E o Chávez, ao qual a Elvy é contra, mandou suas tropas lá para o meio do mato, onde a Colômbia e a Venezuela se encontram, no meio da Amazônia. Todos entrincheirados na fronteira. Estudantes e ex-estudantes de RI todos com formigas na barriga, de pensar em Clausewitz em uma guerra oficial entre Estados, não só guerras civis, mas sim daquelas guerras que a gente só vê na Europa e aqui nessa latinidade bagunçada, só vimos no Paraguay e mesmo assim já faz tempo.

De qualquer forma, eu particularmente duvido que vire guerra. Acho que, para variar um pouco em se tratando de Chávez, são bravatas e ameaças em alto e bom tom. E só.

Do meu lado só fico triste porque aposto que se Aura e Elvy já não trabalhavam juntas antes... que dirá agora!

2 comentários:

Geraldo Zahran disse...

Mari,

O interessante nessa história é que (sem pré-conceitos) a venezuelana que tinha que ser de esquerda e a colombiana de direita, e não o contrário :)

Beijão,

Marix Flammes, Nina. disse...

Phitz,

quanta honra sua tão nobre visita aqui!

Concordo com você totalmente.

Beijos mil,