3.3.08

Dialética Kafkaniana

OU: DA BARATA DA VIZINHA

(para o leitor fiel: a série "Destino: Centro", voltará em breve, com três novos e inéditos e ainda inexistentes e totalmente emocionantes posts: "Da burocracia burra da Caixa Econômica Federal", "Do almoço" e "Do retorno para casa". Você não perde por esperar!)

E aí eu li Kafka no primeiro ano de PUC. Já tinha lido no 1o colegial, mas o Kafka basicão: "A Metamorfose". No primeiro ano de PUC, um Kafka mais crítico, mais denso, e mais desesperador: "O Castelo". Para aprender política, Rousseau e Hobbes na veia para assustar bichos de primeira viagem. Depois, só voltei a ler Kafka ano passado, "Carta ao Pai", que ficou tanto tempo intalado na minha cabeceira. E agora está intalado na cabeça. E na garganta, aquela intalação desesperadora de um berro anti-oposto-do-Édipo. Pretendo ler mais Kafkas, mas por enquanto, nessa vida kafkaniana, quero antes dar cabo desse berro anti-oposto-do-Édipo. Então deve demorar mais alguns anos de terapia, talvez, para que eu consiga ler outro Kafka.

Antônio, você está aí?
Antônio, você tem me visitado aqui?
Antônio, você me entende?

Mas voltemos. Domingão, aquela insônia básica pré-começo-de-semana, e eu aqui no MSN. Daí eu disse que eu estava elétrica, e ele perguntou se eu estava apaixonada (por quem eu estaria, meudeusdocéu? Por quem??) no que eu respondi que apaixonada, só por mim mesma. (Porque mulher inteligente é assim mesmo: orgulhosa) Daí ele me achou desanimada e eu disse: desânimo? Eu que o diga... e daí ele quis saber que que eu queria dizer com esse eu que o diga. E eu disse que eu só tinha dito eu que o diga porque antes de tudo ele tinha perguntado se eu estava com insônia por que estava apaixonada e eu disse que apaixonada só se for por mim mesma e ele citou desânimo e eu disse: eu que o diga.

E disse a ele que então tínhamos instaurado a dialética kafkaniana. Disse a ele sobre O Castelo, qual é a história do livro, e qual foi o contexto de vida no qual li esse livro. Contexto esse que vocês podem conferir acima. Expliquei a ele (nas entrelinhas, obviamente como toda mulher e ainda por cima boa escorpiana que sou que se preze) qual seria a relação do Kafka com aquela conversa. Ele lembrou do Kafka, da barata e, pelo msn, e assumindo que fazia piada barata (isso eu tiro o chapéu: esse cara tem um bom senso de humor) começou a cantar a música da barata. Daí eu arrematei, perguntando como fomos parar lá, na paixão, no desânimo, na barata, no Kafka, e no castelo. Nisso ele respondeu que era porque nossos pais tinham nos educado de boa forma e nos oferecido boa educação. Eu bati palmas clap clap clap, porque achei uma saída inteligente. Imediatamente foi escolhido outro assunto para abordarmos virtualmente.

De qualquer forma, conclusão nenhuma foi atingida, e ele permanece sem entender que que eu quero dizer por: eu que o diga. Resumindo a ópera e deixando as entrelinhas de lado, a verdade é que tudo que é devagar por excesso e por princípios pode ser potencialmente e deveras desanimador (fato acentuado pelo fato de eu ser escorpiana, absolutamente passional, verdadeiramente intensa). Eu que o diga, porque ele nunca dirá. Mas de qualquer forma jamais poderia estar apaixonada, a não ser que por mim mesma.

A boa notícia é que tive um diálogo deveras interessante e realmente intrigante nesse domingo à noite. O conhecimento dele por literatura não me decepcionou, muito menos o gosto (dele, meu) bastante atípico por piadas de gosto duvidoso.

Detalhe importante: o Antônio com quem eu dialogo nesse blog não é o mesmo ser humano com o qual eu dialogava no msn o diálogo doravante aqui retratado. (Apenas porque essa observação é bastante importante para o entendimento do post... e aliás, para bom entendedor meias palavras bastam, e o Antônio e o ser humano do diálogo teriam entendido)

Esse diálogo bastante interessante também me trouxe um bom tema para um bom post, então na verdade eu tenho mais é que agradecer pela companhia.

E no começo (da semana), (eu) era o pó. Boa noite de insônia de domingo a vocês!

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