16.12.05

Cartas, Crônicas e Despedidas

O objetivo desse blog em primeiríssimo lugar era que ele não virasse um blog-diarinho. Queria muito fazer um blog onde eu conseguisse simplesmente fazer que coisas muito comuns e muitos cotidianas se transformassem em crônicas.

Mas é difícil. Nessas horas sacamos como somos egocêntricos... nossa inspiração, via de regra, é nós mesmos. (ps.: a concordância está correta... não é nós somos, e sim a inspiração é)

Mas hoje em dia tá difícil não escrever blog-diarinho. E, aliás, reparei que todos os meus posts anteriores são... posts-de-blog-diarinho! Aiai, such a pity!

Só queria deixar aqui registrado que há um mês mais ou menos escrevi um texto que eu adoraria publicar nesse espaço, por eu considerar uma "quase obra prima", feita com muito muito carinho mesmo. Chama-se "Sobre conversas intermináveis", que eu acho que é uma crônica mas na verdade é uma carta. Uma carta que eu escrevi em forma de crônica para fugir ao máximo da pieguisse. Outro dia, aliás, concluí que eu sou de fato uma pessoa muuuuito piegas - se eu não fosse piegas, não fugiria da pieguisse com tanto afinco quanto eu fujo normalmente.

Essa crônica-carta, eu escrevi pensando na amizade mais louca e intensa e especial que ganhei de presente desse ano de 2005. Dei a ele de presente de aniversário, junto com o DVD dos Pixies que ele tanto queria (não publico a carta-crônica inteira, aliás, porque vai que ele frequenta meu blog...). Resumidamente deu merda na brincadeira toda quando mudei o sentimento de "exclusivamente amizade" que tinha por ele. Sei lá, esse deve ter sido o início das merdas que deu, porque quando dá merda em alguma coisa a merda nunca é unilateral. Assim como não dá para ter um relacionamento unilateral.

Mas não é do relacionamento que eu queria falar aqui, nem de merdas na vida.

Queria fazer uma propagandinha. É que eu ameeei tanto a carta que escrevi para ele que encuquei que tinha que ter uma cópia dessa carta para mim, e tratá-la como se fosse minha primeira filhota. E daí não posso publicar ela inteira aqui, mas posso dizer que tenho quase uma ligação à base de cordão umbilical com essa carta.

Sábado há um tempo, quando escrevi ela, fiz o melhor ambiente possível que pudesse inspirar uma carta. Até lapiseira nova comprei! Tomei banhão, fiquei cheirosa, feliz com meu cabelo limpinho e fresquinho na nuca, coloquei regata, shorts e havaianas, abri tooooda a janela pro vento e pro sol serem bem-vindos no meu quarto, liguei meu Belle and Sebastian novo no som, grafite 0.5 2B (delícia!) e comecei. E as palavras saíam tão naturalmente que parecia que eu tinha essa carta na cabeça há muito tempo. Como seu eu fosse capaz de escrever uma carta sem pensar nela, como se ela estivesse lá há muito tempo. Esperando alguém aparecer para que ela pudesse se voltar totalmente à essa pessoa e sair macia, mãos cheirosas e grafite levinho.

Num sábado à tarde de feriado de 15 de novembro não achei um xerox para que eu pudesse tirar uma cópia da carta para mim. E fiquei com isso encucado na cabeça, o mantra da cópia "quero uma cópia dessa carta para mim, quero uma cópia dessa carta para mim, quero uma cópia dessa carta para mim". E todas as vezes que eu falava e/ou encontrava o novo dono da carta, pedia, implorava, por uma cópia da carta. Com uma pitada de ciumes de ele segurar com tanta propriedade minha primeira... filha!

Daí deu a MM (Merda Maior), estopim para uma decisão um tanto quanto radical - essa sim, unilateral - da minha parte. E ficou a dor, ele tinha ainda 100% de propriedade sobre a carta. A dor foi muito maior quando tive que ligar para ele e, depois, encontrá-lo (tinha que ter deixado na portaria!! Não era preu ter subido, caramba!) para pegar essa carta.

Mas enfim... agora tenho a carta! E sem dúvida o esforço valeu a pena. Tenho novamente propriedade sobre minha queridinha "obra-prima". Quem quiser uma cópia, entre em contato por email com uma boa razão preu te mandar a carta. Se a razão não for boa o suficiente, bodeia.

Ele prometeu que faria a análise grafológica das mensagens que minha grafia mandou nas entrelinhas na crônica. Cética que estou (note: estar é diferente de ser; acho que jamais seria cética, como um estado permanente, mas posso dizer que com relação a esse cara em específico tenho estado bem cética, como um estado provisório, até que alguma hora eu deixe de ter sentimentos e sensações por ele, e daí o ceticismo será substituído pela indiferença), sei que promessa ele faz muito bem - e sabia me encantar com cada uma das suas promessas. Mas cumprir a promessa, normalmente, bem, normalmente isso não ocorre. Então, enfim, desencanei da análise grafológica já.

ps.: A-DO-REI ter sido piegas nesse post! Acho que eu tava precisando extravasar assim, com vontade, toda a pieguisse contida em mim nesse final de ano bizarro.

(Aguardem mais posts piegas semana que vem, já que "and so this is Christmas")

Um comentário:

Anônimo disse...

Aprendi muito