25.2.09

A volta dos que não foram

Então tá.

Eu não ia, e tinha decidido isso, e sabia desde sempre que cada escolha tem sua consequência. E colocando em perspectiva assim, ficar o Carnaval em São Paulo simplesmente me parecia "A" coisa a ser feita.

Não era para doer nem para ser sofrido. E de fato não foi. Ou talvez tenha sido até aquela sexta lá pelas 19hrs, quando eu sabia que se eu quisesse, ainda daria tempo de mudar os rumos do feriado e pegar uma estrada. Até aquela sexta lá pelas 19hrs, eu ficava entoando o mantra "sim o carnaval em São Paulo é bom, ele é bom, eu vou gostar, eu vou me divertir... Sim o carnaval em São Paulo é bom, ele é bom, eu vou gostar, eu vou me divertir..."

Mas aí, a sábia frase popular já disse "pau que nasce torto nunca se endireita", e eu que achava que teria um carnaval carnavalesco em São Paulo, fui parar em uma casa de rock obscura na Barra Funda na sexta à noite - SEXTA DE CARNAVAL. No meio do caminho nos perdemos, e lógico que alguma alusão ao carnaval tinha que ter: lá na Casa Verde, cruzamos com um grupo de pedestres seguindo para o sambódromo, com suas gigantescas alegorias carnavalescas. A essa hora já não era mais dolorido ficar aqui no carnaval.

Sábado, ainda com sono porque a minha noite não-carnavalesca tinha ido até cinco e meia, acordei cedo porque queria tomar sol e tinha decidido que assim o faria. Foi o único dia mais carnavalesco: o dia na piscina, regado a caipirinhas. A noite, no bloco na Vila Madalena. E no bloco tudo parecia estar no lugar certo de carnaval: chuva, suor e cerveja, do jeito que o Caetano já cantou. Marchinhas e pessoas conhecidas, meu ex-professor de biologia tocando cuíca ("pau que nasce torto nunca se endireita", e é estranho o japinha mais cínico que eu já conheci se jogar como um bom brasileiro ao som da cuíca). Eu usava meu "óculos de carnaval", e ele fazia tanto sucesso quanto tinha feito ano passado no Rio.

Domingo mudei o lado da fita. Deixei chegar o cansaço acumulado. Liguei o meu "modo hibernar" ("pau que nasce torto nunca se endireita", e tudo que eu nunca liguei em outros carnavais da minha vida foi o meu "modo hibernar". Esse ano aconteceu). Cheguei a um meio termo entre o hibernar e a cinefilia. Quando eu não estava dormindo, eu estava ou lendo o jornal e acompanhando o noticiário sobre o Carnaval (principalmente o de fofocas políticas, tipo o Lula que ficou grudadinho no Paes e no Cabral e a Dilma que foi pro Recife), ou comendo fora em algum bom restaurante (convidada pelos meus pais), ou assistindo a um filme (cinema ou DVD).

E assim se seguiu: domingo, segunda, terça, até quarta... Algumas exceções surgiram: um churrasco debaixo da chuva em Alphaville na 3a; um dia híbrido na quarta, sem trabalho, mas com cara de dia útil, só que com um cineminha às 14hrs.

A rotininha estava boa.

Não fiz meus treinos de corrida e meu personal não vai gostar nada dessa notícia. O sono durava 12 ou 13 horas por noite, assim, direto e reto. Os sonhos eram absolutamente carnavalescos e reais: eu fui para Salvador com as minhas primas, fui para o Recife com alguns amigos, e fui pro Rio com outros. Tudo isso, no meu mais íntimos universo onírico. Mas a vida real não estava nada mal e não deixou a desejar.

Então tá.
Sobrevivi (muito bem, obrigada) ao Carnaval em São Paulo.
Carnavalei só um dia, e entendo isso tranquilamente dentro do contexto das escolhas que são feitas vida afora, algumas coisas priorizadas ou deixadas para trás em prol das outras.
Dormi (muito bem), comi (muito bem), assisti a filmes (muito bons).
Às vezes eu acho que eu não preciso de mais do que isso.

À Carnavália, só ano que vem.
Hoje, à Quaresma.
(Quarenta dias de reclusão dos prazeres carnais, reflexão e redenção, até que Jesus renasça.)
OU
Hoje, à Quaresmeira.
(Árvore por demais hermosa, de flores em tons de rosa, que cresce em abundância na Mata Atlântica, mas principalmente na Serra da Mantiqueira.)

Entre a Quaresma e a Quaresmeira, cada um faz sua opção.
Eu fiz a minha.





4 comentários:

Valentine disse...

Putz Marix, não tinha pensado que chegava a hora da quaresma...Acho mesmo que ficarei com a quaresmeira: formosa, cheirosa, rosada e nos enche de vida e beleza.

Valentine disse...

Viva a Carnavália e ao mundo diferente que estou tentando criar!

lugutmann disse...

A-M-O carnaval em Sampa!!! E olhe que essa frase vem de uma baiana...
Bj

Sara disse...

Penso que a imagem é linda, não é uma definição muito semelhantes coisas no restaurante hoje, acho que é uma coisa admirável, pois é muito agradável como comer em um restaurantes em alphavilleassistindo coisas.