24.4.09

De volta por dentro

Bom... e no meio do furacão e do turbilhão, resolvi PARAR no feriado de Tiradentes.
Parar e fugir.

Fugir pra tão longe que, dentro da ilha, era quase uma hora de viagem. A luz elétrica e o sinal de celular lá, não nos alcançavam. Em compensação, os borrachudos nos devoravam, e as estrelas brilhavam tão puro que uma lágrima pode ter escapado naquela poesia noturna.

Fugir para tão dentro, a ponto de fazer bem ao corpo, à alma, e ao coração.

Dessa vez eu estava como auxiliar, em um quase-trabalho no meio do paraíso.
Eu estava como amiga também, para estar por perto como há tempos não ficávamos.

Eu estava como eu, longe de tanta coisa, e tão mais perto de mim, em uma fase de vida turbilhão que deixa a gente viva mas muito exausta.

Parar a ponto de ficar tão perto do que é natural que dez da noite era tarde para ir dormir e sete da manhã era tarde para acordar.

Tão perto que eu amei o banho no banheiro de pedra no meio do mato com uma clarabóia que fazia do banho ao meio-dia o mais próximo do que é mágico na vida de alguém.

Tão perto que toda a minha vida metódica de querer todo controle sobre tudo foi deixada para trás. Cada uma das minhas coisas (necessaire, travesseiro, tênis, elástico de cabelo, máquina fotográfica, toalha de banho, entre outros) estava em um canto diferente e eu estava simplesmente ok com isso.

Tão perto que enfiei o pé na lama na volta, e voltei na estrada com pé molhado, meia molhada, tênis molhado.

O cabelo, então, nem se fala. De tão perto da natureza, a aparência dele ficou quase como o de uma boa selvagem.

As trocas, todas e tantas, as conversas, todas e tantas, o sol, tanto e tanto, aquele mar azulão, aquele mato verdão, o mergulho silencioso para dentro de meus pensamento e a preguiça de voltar a falar na volta.

No meio do caminho tinha uma Figueira, tão grande, tão linda, tão antiga, tão indescritível, que só de olhar aquela Figueira todos os meus problemas e pensamentos ficarem micros perto de tudo aquilo, aquela energia, aquelas raízes, aquela história. E ficar perto da Figueira, olhar ela, tocar ela, me fez um bem danado. Olhar ao alto e não enxergar fim para além das copas das outras árvores. Não tinha fim.

E então quando eu voltei, me sentia assim, vazia.

Vazia de tudo que é preocupação desnecessária, e cheia, muito cheia, desse lindo reencontro com-a-migo-mesma que é o que a gente às vezes esquece perdida na rotina.

Aliás, a volta foi estranha... chegar em São Paulo, simplesmente tão cheia e iluminada e barulhenta.

Para os meus dias, barulho era pássaro e vento na copa das árvores e onda batendo nas pedras. E luz era do sol, luz de vela, da fogueira, e das estrelas.

Fica no coração, na alma, e no corpo, lembranças maravilhosas e marcas inesquecíveis do que se passou lá naquele paraíso, e que se não se passará nunca mais.










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