7.7.09

Dez e Três

10: ida:
8 horas de vôo e uma host mother atrasada para ir me pegar, tanto que fomos de táxi. Trilha sonora do táxi: Four Non Blondes, What’s up?
03: ida:
overbooking, uma troca de companhia aérea, um atraso (em SP) de quatro horas, um vôo em Classe Executiva.

10: vizinho de vôo:
o menino da bochecha rosa que pediu para trocar de lugar comigo e que inclusive hoje é um dos meus grandes melhores amigos.
03: vizinha de vôo:
a perua que me chamou de vulgar porque eu estava viajando sozinha e mulheres que se prezem não viajam sozinhas.

10: uma roomate que eu não conhecia por um mês dividindo o mesmo quarto. Ficamos grandes amigas.
03: um roomate que eu conhecia de balada e só, que dividimos o mesmo quarto por uma semana. Ficamos amigos, mas não só isso. Em outras paradas, outros roomates, alguns que eu nem cheguei a conhecer, uma que era completamente louca, em Mendoza, uns brasileiros baladeiros que chegavam bêbados.

10: principal companheiro:
meu primo bem próximo.
03: principal companheira:
minha mochila vermelha que eu carregava nas costas como uma tartaruga que carrega sua casa. Assim como a minha máquina fotográfica e meu bloquinho de anotações de devaneios.

10: mico da vez:
sair pelas ruas cantando “Smelly cat”, referente ao gato da nossa host mother, esquecendo completamente que naquele lugar as pessoas falavam inglês e estavam entendendo tudo que a gente cantava, imitando a Phoebe.
03: mico da vez:
me arrumar para a balada usando amostras grátis do duty free do Buquebus entre Montevideo e Buenos Aires: creme para pentear da Redken no cabelo, perfume Givenchy, base, blush, batom, rímel, tudo Lancome ou Mac, de amostra grátis. Foi uma transformação e tanto, e os vendedores ficaram pê da vida que eu não levei nada no final.

10: amadorismo da vez:
não viajar de balão por Londres (oportunidade única na vida) com a minha prima que morava lá, porque eu espalhei para todo mundo da turma que eu estava indo e isso chegou na nossa professora, e ela nos proibiu porque o seguro de vida daquela viagem não cobria viagens de balão.
03: perda da vez:
não fazer vôo panorâmico por Buenos Aires (oportunidade única na vida) em um domingo frio e ensolarado, porque esqueci o Gmail aberto na hora errada.

10: um belo de um choro:
assistir ao Fantasma da Ópera no Her Majesty’s Theatre.
03: um belo de um choro:
ver neve pela primeira vez em Mendoza; ver neve cair pela primeira vez em Pucón.

10: um medo:
quando ficamos conhecidas na vizinhança, uns caras nos seguiam no trajeto de um km à noite entre o ponto de ônibus e a nossa casa.
03: um medo:
o pior vôo da minha vida, de uma hora, entre Mendoza e Santiago, atravessando a cordilheira na maior turbulência ever e sem nem ver direito que Santiago estava chegando e que estávamos descendo, de tanta névoa que tinha na cidade.

10: uma embriaguez:
patê de trufas piamontesas comprado em um restaurante de estrada entre Firenze e Roma, degustado aos delírios no quarto do hotel em plena última noite e arrumação de bagunça de mala.
03: uma embriaguez:
viver em quase constante e leve embriaguez de vinho, Quilmes, e Pisco todos os dias ao longo dos 27 dias.

10: um desafio gastronômico:
aprender a comer aquele feijão doce e vermelho e enlatado dos britânicos (tarefa mal-sucedida).
03: um desafio gastronômico:
aprender a voltar a comer peixe (tarefa bem-sucedida).

10: uma aventura:
disparar o alarme da ala egípcia do museu do Louvre.
03: uma aventura:
sair correndo e fugindo, mochila e tudo, mala e cuia, do albergue fantasma de Santiago que eu não gostei.

10: melhor compra:
uma mug que tem o Ursinho Pooh em relevo, linda.
03: melhor compra:
livros do Neruda originais do sebo.

10: uma refeição:
uma baguete na Champs Elysèes.
03: uma refeição:
uma ave recheada de brie e damasco em um restaurantezinho gourmet em Potrerillos (Pré-Cordilleta, Mendoza)

10: manifestação artística:
encenação única de Midnight Summer’s Dream nos jardins da Universidade de Oxford, por alunos da Universidade.
03: manifestação artística:
exposição única do Botero no Museo Nacional de Bellas Artes de Buenos Aires.

10: volta:
totalmente alinhada com o ano de piração no qual eu me encotrava no 2º colegial, descobrindo um mundo novo aqui no Brasil e no mundo afora. Consequência: estava preparada para o ano seguinte, de várias chapuletadas na cabeça, do qual eu consegui sair viva e muito melhor do que entrei.
03: volta:
um respiro e um olhar fora da caixa em um ano que eu estava afogada com as mediocridades corporativas que assolam as pessoas inertes das grandes corporações. Trouxe o mundo novo descoberto lá fora para o ambiente de ar parado, sem vento de mudança. Consequência: Uma hora não consegui mais tolerar esse ambiente e pedi para sair.

10: 1999, intercâmbio em Oxford, Inglaterra, e depois um passeio pelas Zoropa.
03: 2006, mochilão solitário por Argentina, Uruguai e Chile.
A cada viagem, uma mudança grande acontece.
Porque descobrir o mundo é, um pouco, ir me descobrindo aos poucos, em pedaços de mim que eu mal sabia que exitia.
Começo de julho é o aniversário dessas duas viagens, que me foram tão importantes, e principalmente a da Inglaterra, que me foi tão emblemática e que agora completa dez anos.

E eu mal vejo a hora de embarcar na próxima... fico contando os dias.

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