17.11.08

A Lua

A Lua, quando ela roda
É Nova, Crescente ou Meia
A Lua, é Cheia!
E quando ela roda
Minguante e Meia
Depois é Lua novamente
Diz...
Quando ela roda
A Lua, quando ela roda
É Nova, Crescente ou Meia
A Lua, é Cheia!
E quando ela roda
Minguante e Meia
Depois é Lua novamente
Mente quem diz que a Lua é velha...
Mente quem diz!

"Minguante e meia"
Estou febril e filosófica hoje.
Nessa ordem - apenas para deixar bastante explícito que estar febril e essa alta temperatura por aqui acentuam minha capacidade do pensar divagante. Nunca confie em uma pessoa febril - ou confie nela em excesso.

"A lua, é cheia!"
Nesse final de semana ouvi a música acima, do MPB 4, e me lembrei daquela época nos idos de 2006 que a vida vagava entre o leve e o leviano. Quando era gostoso caminhar pelo retiro budista na noite de lua cheia cantando essa música entre amigos. Quando era tão fácil abraçar assim, de corpo e alma, a todos. Quando minha amiga me deu o presente que deveria me ajudar a abrir o meu "chakra do coração" - e de fato ajudou, porque alguns meses depois disso eu andava de mãos dadas. Daí, lembrei da noite em Buenos Aires, quando caminhávamos por Palermo, no começo tardio do janeiro de 2007, na noite de lua cheia. Eu cantava com meu irmão: "é cheia... e quando ela roda". Tínhamos comido Parmeggiana em um restaurante feito por porteños para porteños, faziam abafados 27 graus naquela noite, e a alça da minha blusa tinha arrebentado.

"Quando ela roda..."
Quinta passada, quando estava indo dormir, sozinha, no meu quarto de hotel em plena reunião de planejamento, achei na TV um desses canais de hotel que só tocam música. Estava tocando essa música. Lá fora, refletia na minha varanda o azul da lua cheia. No peito, bateu o quentinho do passado não tão distante mas aparentemente tão remoto.

"É nova"
Me lembrei - e me bateu uma súbita e inesperada e muito forte - saudades dos amigos que moram longe. Aos poucos no final de semana todos eles participaram, de um jeito ou de outro, dos meus sonhos (não os que a gente sonha acordado, os que a gente sonha dormindo mesmo). Hoje, e ainda assim, aos poucos, tento mandar alguma mensagem para eles, de alguma saudade que eu sinto.

"Crescente ou meia"
Quinta passada bateu aquela coisa de "o que eu faço com aquele eu que uma vez existiu e que não está mais aqui?". Não sei se sinto falta daquele "eu" por inteiro, talvez só de algumas partes, que fui deixando para trás conforme as circunstâncias da vida chegavam e saíam, conforme o tempo passava. "Mente quem diz que a lua é velha", mas todos deitados naquele solarium do retiro budista cantando em uníssono essa música para aquela lua que nos hipnotizava como ímãs não existe mais - mas está guardado por aqui.

"Minguante e meia"
O tal do "chakra do coração", no entanto, nunca esteve tão lacrado e fechado. Mesmo. Tudo bem que tenho estado ocupada com outras coisas - mas meus amigos reclamam da minha ausência, da minha rabugentisse, da minha falta de paciência. Minhas amigas reclamam porque sempre que elas me pedem algum conselho afetivo, eu respondo com uma pedrada - não tenho falado o que as pessoas gostariam de ouvir ultimamente.

"Mente quem diz"
Para o próximo feriado, meu lado racional me chama para Campos e meu lado emocional me chama para Floripa. Optei por Campos, indo contra absolutamente todos as opiniões que tenha ouvido a respeito disso na última semana - desde 3a passada, quando tive um surto: conheci o Yunus e ouvi, ao telefone: "tem lugar no meu quarto, vamos?". Inesperado aquele telefonema, e principalmente o teor do telefonema. Naquela mesma terça eu saí e fui comer sushi, porque tinha a nítida sensação de estar perto de algum tipo de surto. Fumei os cigarros argentinos que fiz um estoque desde que minha amiga foi para a Argentina agora em outubro. É estranho conhecer um Nobel da Paz, que de tão humano ele é, tem algo de desumano, de quase sobrenatural, de muito heróico. Na expressão dele, aquela serenidade. É estranho eliminar uma possibilidade de viagem e depois ela se voltar para mim assim, com formatos tão reais.

"Depois é lua novamente"
Não estou ficando antissocial. Mas tenho me protegido em excesso, é fato. Também acho que eu tenho engordado. Mas estou causando algumas boas reações inesperadas de algumas pessoas que me são absolutamente essenciais hoje em dia. Logo volto a fazer exercício físico, porque o corpo já reclama por todos os lados. Por hora, vou comer bolinho de chuva que a Cidoca me fez nesse café da tarde cheio de mimos da menina febril.

"Diz..."
Não sei se tem lógica, sentido, ou realidade, em qualquer uma das linhas acima. Conforme havia avisado no início, hoje estou febril. É fato, no entanto, que nesse frio-novembral-chuvoso-paulistano, eu comi o bolinho de chuva da Cidoca.

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