12.3.09

Anotações

Frase da semana:
"Muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são"

Frase roubada de ontem - eu voltava para casa e, ao meu lado, vinha um cara falando ao celular com alguém que parecia um amigo:
"Hoje eu aviso ela que estou saindo de lá. Não tenho mais condições"
"(...)"
"Meu, não tenho mais condições psicológicas de aguentar essa mulher"

Unanimidade:
todo mundo que me viu até agora simplesmente AMOU meu cabelo novo.

Injustiçada:
a véinha está fraquinha ou ela é forte como um touro?
(saldo de uma semana: 3 cardio-reversões e um cateterismo)

Demanda:
estou interessada em música francesa contemporânea. Quem souber o que me indicar que extrapole o CD novo da Carla Bruni, por favor avise.

Filme:
Se reencontraram por acaso, em um bar. Conversaram formalmente. Depois de um tempo, ele se aproximou dela e começou a falar. Ele implorava para ela, para voltar. Ela dizia que não, porque não é mulher de malandro, não se contenta com migalhas em um relacionamento. Ele se declarava: "como você jamais houve outra pessoa, não consigo te esquecer, penso em você a todo instante". Ela dizia: "e como eu sei que será diferente?" Ele: "tentando, e acreditando que podemos ser felizes juntos. E já sei que só poderei ser feliz com você". Se ajoelhou, aos prantos, pegou a mão dela e disse: "Volte para mim, por favor. Seja a mulher da minha vida, a mãe dos meus filhos, minha melhor amiga e companheira, a esposa que eu escolhi". Ela se emocionou. Se preocupou com os joelhos dele - ele tanto reclamava de dor. Acariciou as mãos dele, os olhos dela se iluminaram com o brilho molhado das lágrimas prestes a cair. Ele se levantou. Os dois se beijaram loucamente e depois, foram felizes para sempre.

Sensação:
ter medo é humano. Deixar de fazer alguma coisa porque tem medo é covardia.
Tenho uma certa repugnância por pessoas covardes, mesmo que covardes dentro de suas próprias humanidades.

Macunaíma:
"Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são"
"Ai, que preguiça"

Desempenho:
Hoje, 50 mins trotando na pista de cooper do parque Ibirapuera. Na maior empolgação.

Frutose:
Suco de Framboesa do Suplicy Café.
Geléia de amora silvestre orgânica na geladeira lá de casa.

No-show:
Tiê cantando no Cedo e Sentado no Studio SP.
Quem foi, AMOU.
Acho que apareço lá semana que vem.

Conclusão:
não está disponível para as pessoas com um parafuso a mais, com um parafuso a menos, com um parafuso torto, com um parafuso no lugar errado.

Fim:
Eita, mundão véio sem porteira!

8.3.09

Noite de domingo

Fica a esperança de uma semana melhor pela frente e só.

Hoje:
Dia da Mulher,
aniversário de oitenta anos da Hebe,
indicação do paredão no Big Brother,
dia que o gol do Ronaldo salvou o Corinthians e exaltou a torcida,
dia que veio o choro postergado todo esse tempo,
dia que li os três capítulos sobre o governo Nixon no Diplomacy após assistir Frost/Nixon,
dia que eu fiquei com vontade de ser piloto de avião depois de ver Vitus,
dia que eu tirei Budapeste da estante para reler antes de assistir ao filme,
dia que a minha mãe me viu,
que meu pai pediu tabule no almoço,
que meu irmão deu aquele abraço de irmão,
que a minha prima-irmã contou causos do universo-paralelo-barquinho,
que o sol reapareceu ardido e que eu fiquei rabugenta com isso,
que eu tomei aquele banho comprido e curtido que eu não tomava desde comecei a trabalhar com sustentabilidade (não, eu não tenho um pingo de culpa sequer),
dia que a Augusta e o Unibanco estavam lotados como sempre mas com uma cor especial,
que um carro buzinou para mim,
que eu quase trombei com uma ambulância porque não vi que ela estava vindo,
dia que a aula de yoga de amanhã foi cancelada,
que comi pizza no café da manhã tardio,
que eu li calmamente a Veja e todos os seus absurdos sobre o Protógenes,
que eu ri sozinha procurando a garrafinha d'água que deixei cair durante o filme,
que mandei uma mensagem de texto carinho para uma amiga cuja ausência ontem foi triste,
que eu fechei todos os detalhes com a minha "roomate" provisória dessa semana,
que eu não dei um telefonema porque estava birrenta mesmo e assumo,
que eu não fui ao hospital porque precisava descansar e hoje era o sétimo dia.

É.
A esperança de uma semana melhor não é infundada.

6.3.09

Mau Humor do Caramba

Os fatores são:

- esse calor louco e insuportável e incessante que nos assola e que não me deixa dormir. Aliás, que não me deixa ser feliz. 35 graus em São Paulo e trabalhando, sem poder ir para a praia e nem para a piscina, não pode deixar ninguém feliz.

- uma quantidade desumana de coisas no trabalho.

- e um clima meio estranho no trabalho também, desde segunda feira.

- uma avó no hospital que me deixa com uma preocupação que não pára nunca. E a avó, ao invés de melhorar, piora.

- a TPM louca em cada célula dessa corpinho.

E aí essa semana se fecha assim, terrivelmente, em um mau humor insano e beirando o insuportável. Estou um perigo para a humanidade, e acho que permanecerei em casa afogada no sofá com o ventilador na minha cara e assistindo algum filme com muitas mortes e muito sangue - tipo O Poderoso Chefão 1, 2 e 3. Quem sabe segunda feira eu acordo melhor.

Nesse meio tempo foi batido o martelo e confirmado o meu sonho que se realiza. Mesmo assim, nem isso foi capaz de me animar. Acho que já estou na fase da banalização dos sonhos realizados.

Update - 14.30
Na hora do almoço, a caminho do hospital, o sol batia tão forte que fazia a minha saia branca e rendada reluzir. Isso me fez lembrar que quem estão de tão mau humor assim não vem tão caprichada trabalhar.
Resolvi me dar duas horas de almoço e comer o que eu queria comer. Entrei na Livraria, comprei saladinha, sanduíche de salmão defumado, um bom café expresso. Gastei uma bica - mas estava feliz, me dando esse almoço de presente. Peguei guias de viagem e fiquei me deliciando: trem, avião, um ou outro moço interessante e gatinho que aparecia, um chefe que pagou torta e café para todo mundo.
Acho que vai tudo melhorar - mas não me peça para transcender muito que hoje não é dia disso.

2.3.09

Vovózinha

Domingo à noite
Em um canto da cidade, naquela quente noite de domingo, Cida vê sua filha, grávida de 42 semanas, começar a ter contrações.
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Na mesma noite de domingo, mas em outro canto da cidade, Mariana está no tradicional domingo em família na casa da avó e vê sua avó Ângela começar a se sentir indisposta.

Madrugada
Cida leva, de lotação, sua filha à maternidade. As contrações estão cada vez mais fortes.
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Ângela passa uma péssima noite, com vômitos e diarréia.

Segunda cedo
A filha da Cida entra em trabalho de parto e é levada até a sala cirúrgica da maternidade pública de Barueri. Cida já se dirige (de lotação, ônibus, trem, ônibus, metrô) ao seu primeiro dia de trabalho naquela ONG no Conjunto Nacional.
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Mariana, por sua vez, já está no ambiente de trabalho, mas faz sua aula de yoga. E Ângela, ao acordar de sua noite de sono, desmaia andando até o banheiro e é acudida por sua enfermeira/acompanhante, que chama a ambulância. Em 10 mins a ambulância chega e a leva para o hospital.

Hora do almoço
Cida dá pulos de alegria. Cauê nasceu, 55cm, 3,5kgs, um meninão saudável. Chora na copa ao receber o telefonema. É no mesmo instante em que Mariana entrou para pegar um copo d'água. Ela está nervosa: ficou sabendo que sua avó foi internada.

Tarde
Cida está eufórica. Não vê a hora de ir embora. Quer conhecer seu neto.
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Mariana está nervosa. Não vê a hora de ir embora. Quer visitar a sua avó.

As duas passam a tarde assim, cada uma a seu modo.
Cida na copa*.
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Mariana frenética, entre emails, telefonemas e reuniões.

Noite
Cida sai, sorrindo. Vai embora às 17hrs porque até a maternidade o caminho é longo e ela tem que chegar lá antes das 21hrs.
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Mariana fica, apreensiva. Tem coisa a fazer até 19hrs. E quando ela sair, vai a pé até o hospital, onde ela chegará em menos de 15mins.

***

No meu segundo post do mês da Mulher, uma homenagem a essa relação linda que é a ligação entre a avó e seus netos. No caso em comum, o Cauê e a Mariana são os primeiros para cada uma das avós.

*Solange, a ex-copeira, não pôde voltar. Está com problemas graves na coluna e deve ficar longe do batente por três meses. Veio a Cida, que ganhou o Cauê na vida dela. Mas ainda não sei se ela será a brilhante fornecedora de pérolas como era a Solange.

1.3.09

Aposta

MEADOS DE ABRIL DE 2006
Outono, noite fresquinha, vida corrida. Eles estavam sentados no buteco vizinho do teatro pequeno, onde eles assistiriam a uma peça no porão. Conversavam bastante, faz tanto tempo que não dá para lembrar do que eles conversavam. Provavelmente falavam de música, e muito mais provavelmente ainda, do Belle & Sebastian.

Foi feita uma aposta.
Ela tinha que gravar para ele o CD do show do B&S que eles estiveram juntos, em outubro de 2001, no Free Jazz. (Ela ganhou o CD do Lucio Ribeiro quando ele fazia promoções na coluna dele da Folha Online.)
Ele tinha que gravar para ela o CD que o B&S faz covers de músicas pops famosas.
Quem entregasse o CD primeiro ganharia do outro um misto quente.

ÚLTIMA NOITE DE FEVEREIRO DE 2009
Verão, noite absurdamente quente. Eles estão no sofá da casa dele. Cozinharam para dez amigos naquela noite. São duas e meia da manhã e estão cansados da noite, batendo papo com um último amigo que ainda fica lá. Ele também, jogadão no sofá.
Ele, sem anunciar nada, grava um CD. Coloca dentro da bolsa dela - e ela vê.
Ela se levanta para ir embora, ele levanta para abraçá-la.
"Você está me devendo um misto quente. E essa aposta demorou tanto tempo para sair que eu quero o melhor misto quente de São Paulo."
Ele está certo: ela está, de fato, devendo um misto quente para ele.