26.8.08

Sonoridades

Por falar em ler e repetir (ler post abaixo), tenho duas observações engraçadas para fazer sobre essas coisas um pouco fonéticas.

A primeira delas é deveras bizarra, na verdade.

Tudo bem, talvez meu sobrenome não seja dos mais fáceis do mundo. Mas sexta passada, na entrada de uma empresa, entreguei meu RG pro segurança da empresa e ele me devolveu o RG com a seguinte frase: "Senhora, peço desculpas mas eu não consigo entender seu sobrenome. A senhora poderia por favor ditar o que está escrito aí?"
Por dentro, minha vontade de dar risada era proporcional à dó que eu sentia do cara... porque afinal, teoricamente é bem mais fácil o bróder ver o que está escrito no meu RG e copiar do que pedir para que eu dite exatamente o que está no RG.

A segunda delas poderia ser definida como absolutamente irritante.

Hoje fomos almoçar na Casa do Pão de Queijo, que está fazendo uma campanha de uma criação de uns pãezinhos de queijo que cada um coloca os recheios manualmente. Essa "técnica" se chama Dip Nic. Fiquei repetindo incessantemente: dip nic dip nic dip nic dip nic dip nic dip nic e as pessoas que me acompanhavam pediram que eu parasse, porque estava irritando. E eu lá: dip nic dip nic dip nic dip nic dip nic. Daí eu falei: querem que eu troque? Tudo bem, eu troco. E me lembrei de Kobe Beef, cuja sonoridade eu também adoro. E fiquei oscilando: dip nic kobe beef dip nic kobe beef dip nic kobe beef dip nic kobe beef.

Fim.

Ethics

Dia desses recebi um poema muito lindo de uma amiga. Ela estava em uma palestra do Oscar Motomura, e ele leu esse poema para o público da palestra.
Reproduzo o poema aqui, com grifos meus, porque tocou fundo para caramba.
Espero que, no mínimo, ele faça pensar (mesmo que não toque assim, fundo).

Ethics
Reflections on ethics and the process of making things happen.

If ethics is the choice for the common good
- deciding not to act because it is difficult and there are uncertaintities involved... is not ethical;
- deciding to act small because it is more confortable... is not ethical;
- deciding to hold back (your proposals, ideas and actions) because you don't want to go against "the group"... is not ethical;
- deciding to doing the possible instead of trying to making the impossible possible... is not ethical;
- deciding to use just a part of your potencial (to save it for self-interested purposes)... is not ethical;
- deciding not to persist up to the limits of your forces... is not ethical;
- deciding to conform to existing limitations (even the ones in the form of inadequate laws)... is not ethical;
- deciding not to act, to stay in silence, letting fear stay in the way... is not ethical;
- deciding to conform to the "letter of the law" instead of persisting on the path difined by the "spirit of law"... is not ethical;
- deciding to "delegate" your natural power, as a world citizen, to others... is not ethical;
- deciding not to try because nobody tried it before... is not ethical;
- deciding not to act on challenges of scale and complexity because they look overwhelming... is not ethical;
- deciding not to pursue the pefection and conform to what seems "negotioable"... is not ethical;
- deciding to postpone bold actions again and again "waiting for the right moment"... is not ethical;
- deciding not to act pressed by the convetions established by your own "professional community"... is not ethical;
- deciding to hold back because you may not be recognized as the author of the solution... is not ethical;
- deciding to "play the game" and pretend that you are not seeing the manipulations underway... is not ethical;
- deciding to live the realm of ideas, diagnosis and theories instead of taking the riscks and going for action... is not ethical;
- deciding to act only when all is scientifically proven, even when the truth is self evident... is not ethical;
- deciding to reject all radically creative ideas (yours including) when the "traditional-not-so-radical ideas" have not been working... is not ethical;
- deciding not to act because the process of reaching the perfect solution is too complex and difficult to implement... is not ethical;
- deciding to reject every proposal that looks "idealistic" or "uthopic"... is not ethical.

(Insights of Oscar Motomura during Tallberg concert that followed the session of Moral Boundaries Workshop, Summer of 2008)

Uma observação especial: com relação à frase
- deciding to postpone bold actions again and again "waiting for the right moment"... is not ethical;
hoje, em uma reunião interna de trabalho, discutimos isso. E chegamos à conclusão que a hora certa é a hora que decidimos que seja a hora certa. Estamos com uma demanda de trabalhos e projetos absolutamente sem noção, que ninguém está realmente dando conta, mesmo que estejamos todos trabalhando em grupo e com uma super sinergia.
De qualquer forma, decidimos nomear esse nosso momento como "vamoaíedepoisagentevêcomofaz", desse jeito mesmo, tudo junto - porque nem tempo de respirar dá.
Depois disso, vi que a vida é inteira assim. A gente nunca, a não ser que mate no peito e compre a briga, tem o esqueminha para falar que "essa não é a hora certa então deixa para lá". A não ser no mundo dos medíocres, dos patéticos, e dos tacanhos, isso não existe.
No mundo que eu estou tentando construir e fazer parte (aquela boa e velha história de sermos a mudança que queremos ver no mundo), não temos tempo nem opção para ficar escolhendo muito. É tudo nessa base: "vamoaíquedepoisagentevêcomofaz". Mesmo que sem fôlego, mesmo que não seja fácil.
Ou seja, mata no peito, compra a briga, pega o jacaré mergulhando de cabeça. Se eu pudesse dar conselho para alguém hoje em dia, seria isso.
Óbvio que tem toda uma questão de estabelecer prioridades e de entendermos o que realmente é um "chamado", ou o que realmente é uma "balada" - e qual dos dois a prioridade será dada. Mas sobre prioridades, baladas, chamados, escrevo outro dia.
Por hoje, gostaria que todo mundo lesse isso e repetisse: "vamoaíquedepoisagentevêcomofaz".

21.8.08

Rótulos

"Pessoas não são embalagens", já dizia um mendigo com quem cruzei outro dia na rua. Ele gritava isso aos quatro cantos quando chamaram ele de mendigo e ele ficou reclamando do ato de rotular pessoas. Tenho um especial apreço por moradores de rua, herança de quando eu trabalhava em uma ONG que cuidava deles, e esse apreço é mais especial ainda quando se trata de moradores de rua filósofos. Isso é acentuado ainda mais quando se trata de uma pessoa (como eu) que tem por hábito ter small chats sem muita necessidade de um mote introdutório. E pode ser piorado agora que vivo de andar a pé - porque as interações aumentam potencialmente quando seus pés são seu meio de transporte único. Pois bem. Não é da minha conversa com o morador de rua que vou falar hoje.


Hoje conversei com um amigo que me disse que eu era uma "aventureira inspiradora", porque viajei sozinha de mochila por um mês, e porque tinha decidido mudar minha trajetória profissional no final do ano passado. E quando ele me disse isso, eu fiquei pensando como é engraçado as imagens que as pessoas têm da gente, e que muitas vezes não têm nada a ver com a forma com a qual a gente realmente se vê.


E daí comecei a pensar em tudo que já ouvi das pessoas com relação à minha pessoa. Foi uma viagem deliciosa.


Minha avó me chama de "neta mais velha", e isso eu realmente sou - com o detalhe que ela enche a boca e os olhos de orgulho na hora de falar isso.
A sociedade de Foz do Iguaçu, na figura do irmão do amigo do amigo, disse de mim "uma aberração" - porque eu viajei quatro dias sozinha com um amigo que não era meu namorado, dividindo quarto e cama com ele em um hotel (mesmo que isso não tenha significado nada a mais além da nossa amizade), deixando um affair sozinho aqui em São Paulo (e me ligando desesperadamente todos os dias da viagem).
Minha amiga de infância diz que eu sou "uma das pessoas mais cultas" que ela conhece, no que eu tendo a discordar fortemente, sem falsa modéstia.
Meus ex-co-workers me chamavam de "Pelotita de Fuego" (como um rótulo e não como um apelido), pelas bagunças e risadas e happy hours.
Meus companheiros de trabalho atuais (e olha que só faz quinze dias) dizem que eu tenho "um parafuso a menos" (e eu acho cedo demais para eles saírem por aí falando isso).
Meu irmão diz que eu sou uma "patricinha tucana hipócrita". O lance é que ele não verbaliza isso nunca - mas diz em olhares e em atitudes de repreensão.
Meu professor de yoga fala que eu sou "serelepe demais da conta". Porque, óbvio, nunca cheguei muito perto do desapego.
Um disse outro dia que eu sou uma "Amélia com conteúdo", e outro dizia em um passado não distante mas muito remoto que eu sou "uma vanguardista independente que eu não sei se sei bancar". Não soube mesmo.
Minha mãe adora falar que eu sou "a pessoas mais bagunceira do mundo". Eu concordo até o bagunceira, já o do mundo eu não concordo não.
Minha terapeuta não me rotula: eu não sou borderliner, não sou maníaco-depressiva, não tenho traços de suicida, não tenho síndrome do pânico, não tenho dupla personalidade, não sou bipolar, não sou portadora do transtorno-obsessivo-compulsivo, etc.
Uma amigona fala que eu sou "simplesmente necessária".
Outra fala que eu sou "a agenda mais ocupada do planeta terra". Já fui, já fui...
Um amigo ultra próximo diz que eu sou "um clássico", tal qual uma pianista em um trio de jazz na New Orleans dos anos 30. Adoro ser os "clássicos" que ele inventa...
Muitos me conhecem por "Flammes", e isso era o rótulo sinônimo da boa e velha agitadora de encontros, viagens, baladas, sinônimo da "chama que nunca apaga", sinônimo da solteira e baladeira inveterada que algum dia eu fui.
Alguns ainda me chamam de "Flammes", sem que isso seja atrelado à imagem da solteira e baladeira inveterada - mas aí é menos um rótulo e mais um apelido.
A de Nova York me chama de Flammes: mas ela inventou o apelido e ajudou a formar o rótulo em volta dele. Diz ela: "testemunhei o nascimento de um mito".
Meu amigo que virou juiz fala que eu sou "burning Rome", mas porque pelo rótulo dele eu sou o sorriso que ilumina. Carinhoso isso.
Uma querida do mundo disse que eu sou "o equivalente humano ao Panda Po", rótulo que eu acho gostoso e divertido.
A mulher que sentou do meu lado no avião indo para Buenos Aires me rotulou "vulgar" por ser uma mulher viajando sozinha de mochila.
Um grupo de pessoas me chama de "escorpiana", assim como a outras duas pessoas do mesmo grupo, não só pelo meu signo do zodíaco como também por ser a personalização de alguns rótulos que acompanham esse signo.
Meus primos por parte de pai adoram falar que eu sou uma "perdida" nesse mundo.
E meu pai todos os dias insiste que eu sou "uma causa perdida" quando me vê fumando meu primeiro cigarro do dia às onze da noite.
Meu ortodontista adorava dizer que eu sou "filha de dentista", coisa que realmente sou, mas ele estava se referindo àquela dentição bizarra que eu tinha e que me fez usar 11 anos de aparelho.
Minha prima-amiga-irmã me chama de "prima-amiga-irmã" e eu adoro.
Um amigo que mora longe adora me falar que eu sou "as saudades mais gostosas" que ele já sentiu. Me sinto honrada com isso.

E eu com tudo isso?
Eu sei lá.
Tendo a concordar com o morador de rua, que seres humanos não são embalagens.
Mas no final das contas preciso confessar que me divirto.
E que deep down, não me encontro em nenhum dos rótulos que me deram de presente - mas se isso for uma crise existencial, só vou saber daqui um tempo, porque hoje em dia não é.

ps.: É engraçado ver como pessoas que me conheceram exercendo os mesmos papéis (amigos, amigas, companheiros, familiares) têm impressões tão diferentes de mim - por um lado, pelo jeito que eu me portei com cada um deles; e por outro, pelo jeito, personalidade, história, de cada um. Isso daria um belo tratado junguiano sobre as máscaras que a gente veste ao exercer nossos papéis.

19.8.08

Curtas

de uma semana longa em tempos corridos.

- Uma das melhores loucuras que eu poderia ter feito por mim mesma foi ir para Salvador por um final de semana apenas, para me ver cercada de pessoas especiais e amigos queridos de tanto tempo.

- A amiga de Nova York se-foi-se. Nos despedimos lá, no meio do casório. As duas bêbadas. Choramos muito mais do que o necessário e muito menos do que eu gostaria. Vai ficar um buraco a ausência dela dessa vez, depois de dois meses do mais puro - e delicioso - grude. Tudo bem, sempre tem o ano que vem.

- Casório legal é assim: noivos tão queridos e tão felizes que não cabiam em si. E essa felicidade contagiava cada um dos convidados que lá estavam. Pulávamos, cantávamos, gritávamos, bebíamos, assim - como se não houvesse amanhã. Celebrando o amor em uma festa memorável perto do mar que refletia, sereno, a deslumbrante lua cheia daquela noite.

- Saldo de UVA/UVB: dois dias na praia, debaixo de um sol de julho delicioso e quente.

- Saldo gastronômico: sexta: acarajé, lagosta, polvo, ostra, peixe, camarão; sábado: iscas de peixe na praia e todos os frutos do mar em uma delícia gastronômica sem fim e abundante no casamento; domingo: casquinha de siri, camarão ao molho de maracujá com arroz com passas. Está bom ou quer mais?

- Aquela acupuntura naquela quarta nunca foi tão essencial para a minha sobrevivência quanto semana passada.

- Coisas que só tem na Bahia e que me fazem bem: ser recebida por bahianas e capoeiristas no aeroporto (mesmo que pasteurizados, são deliciosos); taxista reclamando do frio de 22 graus que fazia na cidade; aquéle sútaque delicioso e arrastado, preguiçoso, cantado, que me soa tão bem; algumas frases únicas de se ouvir, como a que eu ouvi do garçom do bar de praia: "ontem, a noite estava tão fechada que o céu estava até vermelho".

- Correr do trabalho para a depilação para casa pintar unha arrumar mala separar tudo tomar banho dormir. Correria que eu não tinha há tanto tempo. Deliciosa correria.

- Ultimamente tenho me esquecido de fumar. Sinto que o próximo passo, natural, será parar.

- Ir trabalhar a pé tem me feito um bem sem noção, delicioso, absurdo. Tenho colecionado histórias de conversas roubadas no meio do caminho. Algum dia eu conto.

- Olimpíadas e essa torcida de todo mundo é muito bom.

- Chegar no trabalho novo e ser assim, tão extremamente bem recebida, é muito melhor do que eu imaginava que poderia ser a priori.

- Aliás, acordar feliz e ir trabalhar feliz tem me sido uma bênção.

- Desde que o CQC começou a passar na TV brasileira minhas noites de segunda feira têm sido consideravelmente mais felizes.

- Trabalhar no epicentro dos acontecimentos legais é muito bom. Ontem quando eu saí do trabalho passei na livraria e vi um debate com o Paulo Markun, Samantha Power (autora do Chasing the Flame) e Carolina Larriera (ex esposa do Sérgio Vieira de Mello). E aí a Samantha autografou meu livro. O Senador Suplicy também estava lá. E eu estava, como sempre, acompanhada em tão perfeita harmonia do meu amigo-vizinho. Hoje quando eu saí do trabalho lá na minha porta vi a inauguração de uma exposição de fotos dos monges budistas de Mianmar.

- Isso posto, as chances de eu me tornar uma pessoa provinciana - mesmo sendo uma paulistana nata - são altas. Quando o lugar que a gente mora é muito perto do trabalho e é muito perto do lazer, a vida fica deliciosamente cômoda - e a chance de eu abrir mão disso é pequena.

- Usar o carro só para meus momentos de lazer é absolutamente fantástico.

- Perder hoje para a Argentina foi bem triste.

- Hoje de manhã ver o Lipovetsky falar em uma palestra com um público fantástico e selecionadíssimo é coisa única de se ver.

- Estar na Bahia quando da partida de Dori Caymmi é triste. Mas é bonito também. Só se falava disso: na recepção do hotel, no ônibus, no táxi, no restaurante.

- Lamentável o incêndio que destruiu o Cultura Artística. A última vez que fui lá foi para assistir a encantadora "Casa dos Budas Ditosos" com a Fernanda Torres. Mas esse teatro deixa um legado triste, para ampliarmos para todos os bens culturais do nosso país: o que a displicência da população e do governo tem feito com eles?

- Acho que faz uns quinze dias que não vou ao cinema. Estou com saudades.

- Triste volto eu da Bahia quando tive um final de semana perfeito mas não consegui encontrar pessoinha baiana tão especial. Tudo bem. Parece que em setembro nos encontraremos, mas dessa vez, aqui.

- Vou ao show da Madonna de qualquer jeito.

- As pessoas que já estão pensando no seu Reveillon 08/09 me dão uma certa aflição. Mas pelo menos agora eu não tenho mais a sensação de "não faço a mínima idéia do que acontecerá na minha vida até lá". Agora eu já tenho idéia.

- Quando quem já me entrevistou (e não me quis) me vê empregada novamente e realmente feliz, e fala que "ainda quero que você trabalhe lá com a gente", fica na boca um gostinho bom do "viu como você fez bem em não me querer? Estou em um lugar muito bacana agora."

- Permaneço não gostando de fofocas e loucuras e pessoas estranhas. E cada vez mais eu descubro que o mundo está um lugar estranho de se viver, quando as pessoas mais próximas aprontam umas coisas tão babacas...

- Já estou sentindo falta de algumas coisas. Mas não se pode ter tudo que se quer ter. E afinal, estou feliz com essa vida que eu quis. Agora, é esperar o tempo quando tudo se ajeitará e entrará de novo nos seus devidos eixos.

10.8.08

Na Bahia-iá-iá...

...tudo é motivo de alegria-iá-iá...

Contagem regressiva iniciada oficialmente sexta feira passada. Contagem regressiva curta, diga-se de passagem. De apenas uma semana. Nessa contagem regressiva, e com tanta coisa ainda por se resolver, sei que nem verei o tempo passar.
(apenas gosto da sensação de celebrar o final da novela da minha compra de passagem aérea, que aquilo foi uma loucura. A amiga de Nova York nem achava mais que eu conseguiria...)

Melhor assim.

Minhas três idas a Bahia até agora sempre representaram fases emblemáticas na minha vida, coisas muito boas, muita novidade. Engraçado isso, na minha história de vida dos últimos 6 anos, a Bahia sempre esteve ligada às mudanças concretizadas e às novidades surgindo.

Dessa vez não é diferente.

Com um adendo importante: estou indo para uma cerimônia de celebração ao amor, porque eu acho tudo isso muito lindo, noivinha de branco, noivinho de terno, familiares chorando, flores por todos os cantos, amigos bêbados e emocionados... (o noivo mesmo disse: "casamento é uma instituição emocionalmente desgastante", no que eu tendo a concordar sem muitas dúvidas)
Sexta feira o noivo me prometeu um casamento-rave: doze horas de festa. Vai ser legal, com certeza.
Mas o melhor de tudo dessa festa na verdade é o noivo, que me é tão querido quanto um abraço apertado e demorado no dia que eu invadi a despedida de solteiro dele sem ser avisada. E depois do noivo, a celebração ao amor.
Mas se junto com tudo isso eu tiver um casamento-rave com 12 horas de festa, daqueles para deixar guardado, para deixar sem voz, para lembrar domingo de ressaca e para lembrar todos os dias da outra semana com ressaca extra, então esse final de semana será muito melhor do que eu esperava a priori.

Ok. Contagem regressiva iniciada.

Quero vê-los, lindos e felizes, o noivo e a noiva. Quero ver, na Bahia de Todos os Santos, a noite de lua cheia do mês de agosto, do bom-gosto. Quero ver, no pôr-do-sol visto na Cidade Baixa, a Bahia de Todos os Santos iluminada por um dourado lindo e muito bahiano que selará mais uma celebração ao amor.

Mas se hoje é domingo... e eu viajo na sexta... faltam exatos cinco dias para que eu chegue à Bahia.

Três curtas e um adendo

Agosto, mês do Bom-Gosto
Pois é. Julho começou hardcore, e permaneceu hardcore.
Primeiro, com a maior fuga covarde e patética já vista. Depois, recheou-se com cirurgia na família e uma revisão gigantesca dos seis primeiros meses desse ano. E muitas, muitas, muitas, crises. Simplesmente às vezes eu achava que não aguentaria (mas sempre que a gente acha que não aguenta, no fundo, sabe que aguenta).
Foi prova de fogo.
Julho terminou naquele almoço da quarta dia 30 e uma notícia que é desabante para qualquer ser humano que a recebe.
Julho terminou naquela hora, 19hrs, da quinta dia 31 e a resposta final e o novo início declarado oficialmente. Depois disso, toda a euforia silenciosa e a sensação de não caber em mim.
No final eu estava muito mais viva do que imaginaria a priori - com uma diferença: não sei precisar quantos exatamente, mas alguns quilos a mais com certeza.
Hoje, uma amiga disse:
"os kilos você perde depois. Já diria o jargão dos economistas: no free lunch, baby".
Hoje, outra amiga disse:
"lembra que você ficava falando para a gente? Esperem agosto... Agora, o SEU agosto chegou".
Em agosto, mês do bom-gosto, muitas das novidades positivas que uma pessoa possa receber e um final de semana na Bahia. Por enquanto acho que não preciso de mais nada - e os kilos a mais irão, certamente, embora.

Dia dos Pais
Todo ano, Dia dos Pais, Dia das Mães, e todas as outras datas, são solenes. Aqui na minha família, escolhe-se restaurantes a dedo, faz-se reservas, tudo o mais. Hoje íamos, de fato, almoçar com a família de um tio, e seus filhos. Mas meu irmão passou mal e não saímos de casa no final das contas. Foi apenas um domingo normal - e foi aí que percebi que é nos domingos normais, de almoço em casa, é que somos mais felizes. Não tivemos a solenidade de um Dia dos Pais normal, não nos encontramos com tios, primos. Ficamos aqui, isoladinhos. Meu pai decidiu pilotar o fogão e ficou feliz da vida com o resultado de seu macarrão. Meu irmão ficou melhor com o colo dos pais. E nós quatro ficamos assim, em casa, e felizes.

Sorte no Jogo, Azar no amor
Se isso é verdade mesmo, então minha sorte no amor deve estar para chegar. Não aguento mais perder as rodadas de War com os amigos e as rodadas de tranca em família.

Um adendo
Adoro minha capacidade de dar o que eu chamo de "presentes cirúrgicos", aqueles inesperados, fora do comum, e que acertam na mosca. Pois é. O presente de Dia dos Pais que dei para ele foi assim mesmo: um sorriso largo abriu-se, e um olhar abismado e brilhante folheava as folhas do livro, praticamente não acreditando. Mais um dos presentes cirúrgicos para minha coleção.

1.8.08

A estranha mania de ter fé na vida, vai ter de ser faca amolada

Eu sempre tive fé na vida, e alguns até me questionavam e achavam estranho.
Um pouco louca, quem sabe.
Sempre gostei de atitudes arriscadas, porque alguma coisa bem irracional lá no fundo das minhas idéias me diziam que vai dar certo - era fé, certamente.
E agora, é isso, vingou, virou, deu certo.
É muita fé, muita força de pensamento, muito acreditar em coisas abstratas e também em coisas muito concretas.
Às vezes me bate a certeza que ser um pouco jedi nas idéias e na cabeça é simplesmente uma questão de sobrevivência.
É isso, se a gente realmente acredita, se a gente realmente coloca atenção, coloca esforço, se dedica, cuida, se volta para isso.
Se a gente vai, e anda com fé.
Pronto.
Dá certo.
Minha sensação interna de felicidade é tão absurda que eu não sei se consigo expressar ela da maneira devida. Na verdade eu não sei se as pessoas gostariam de compartilhar isso, ou até, se elas entenderiam tamanha euforia. "Exagerada ela, não?"
O ponto é que é uma conquista tão grande e tão minha que ninguém além de mim sabe o real tamanho da relevância disso tudo.
E hoje eu definitivamente não caibo em mim. Estou muito maior.
Então eu fico quieta, soltando fogos de artifício por dentro, em um constante surto emocionado calado e eufórico.

Fé Cega, Faca Amolada
(Milton Nascimento / Fernando Brant)
Agora não pergunto mais aonde vai a estrada
Agora não espero mais aquela madrugada
Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser faca amolada
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada
Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranquilo
Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo
Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar, faca amolada
Irmão, irmã, irmã, irmão de fé, faca amolada
Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia
Beber o vinho e renascer na luz de todo dia
A fé, a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada
O chão, o chão, o sal da terra o chão, faca amolada
Deixar a sua luz brilhar no pão de cada dia
Deixar o seu amor crescer na luz de todo dia
Vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser muito tranquilo
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada

Maria, Maria
(Milton Nascimento / Fernando Brant)
Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta
Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que rí quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida...
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria mistura a dor e a alegria...
Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida....